Ángel Di María, internacional argentino que atualmente joga no Benfica, concedeu uma entrevista ao jornalista argentino Marcelo Benedetto na qual abordou vários temas da sua carreira, desde o seu momento atual no futebol até à conquista do Mundial 2022 com a seleção da Argentina.
O experiente médio, com 35 anos, revelou que está a aproveitar o final da carreira de uma forma diferente, com menos tensão e mais prazer em jogar futebol. «Tenho aproveitado melhor nos últimos dois ou três anos e sinto-me muito melhor. Quando era jovem, as coisas eram mais apressadas, mas hoje aproveito melhor o treino», começou por explicar.
Tranquilidade e exigência
Apesar de estar mais relaxado, Di María garantiu que mantém o mesmo nível de exigência e vontade de conquistar títulos. «Provavelmente, isto acontece porque faltam poucos anos para deixar o futebol e tu queres aproveitar o futebol de uma forma diferente. Quando aproveitas, as coisas no relvado acontecem com naturalidade. Aproveito agora melhor o momento, mas de uma forma diferente, porque a exigência, o desejo de ganhar e levantar troféus não muda. Queres até ganhar os jogos no treino, isso não muda».
O argentino associa este prazer aos bons resultados do Benfica esta temporada, fazendo ainda uma referência ao atual momento do rival Sporting. «Estou muito contente. As coisas estão a correr bem. O último ano foi difícil, o Sporting esteve muito afinado, mas agora é diferente. Estou feliz, quando as coisas correm bem, isso deixa-me calmo».
Mundial 2022 e Messi
Di María relembra um episódio da véspera da final do Mundial 2022, quando achou que não ia jogar. «Tinha acabado de fazer golos na Copa América, na Finalíssima, e queria muito jogar. O dia anterior foi horrível, treinámos e senti que não ia estar na equipa. Disse isso ao Leo [Messi], "não sei se jogo". Tentava agarrar-me a algo, mas não conseguia. Não sabia mesmo se ia jogar até ao fim, pensei que íamos jogar com uma linha de cinco. Quando foi anunciado o onze, fui ver o quadro, procurei o meu nome à direita e não me vi. Depois olhei melhor e estava no lado esquerdo. O primeiro objetivo estava alcançado».
Sobre Messi, Di María considera-o «o único que vejo como melhor da história, mais alto é impossível chegar. Todos os outros estão abaixo dele. Ter treinado e jogado com ele, ver em cada treino a sua preparação, a forma como quer ganhar, a forma como se zanga quando falha um passe…tudo em geral. É difícil explicar, mas Messi dá-nos isso tudo. Tem tudo o que todos querem para serem jogadores. A elite é isso, é estar acima de todos. É o que todos querem alcançar».
Futuro como treinador
Quanto ao final da carreira, Di María diz que está a tirar o curso de treinador para uma eventualidade, mas ainda não decidiu se vai enveredar por esse caminho. «Estou a tirar o curso para ver o que vai dar mais à frente. Na verdade, não tenho nada em mente. Vou decidir mais à frente, caso algum dia me passe pela cabeça ser treinador. Não sei se gostaria ou não, mas é o mais próximo do que podemos ter com um jogador. Ouvi muitos conselhos, todos me dizem o mesmo: "Vais sentir falta da adrenalina". Logo verei, quando a minha adrenalina acabar».