A morte de Johan Neeskens, um dos grandes nomes do 'Futebol Total' do Ajax, deixa uma lacuna no futebol mundial. Considerado um dos pilares da equipa que dominou o futebol europeu nos anos 70, Neeskens impediu o Benfica de conquistar a sua terceira Taça dos Campeões Europeus, em duas ocasiões.
«Sempre que morre alguém como Neeskens é um pouco de mim que desaparece», afirma António Simões, antigo jogador do Benfica, que foi informado pela imprensa desportiva portuguesa do desaparecimento do neerlandês, representante de uma «revolução» que «impediu» o Benfica de vencer a sua terceira Taça dos Campeões Europeus.
O Futebol Total do Ajax
«O Benfica tinha uma grande equipa, mas o Ajax era um pouco melhor que nós, não por ter mais talento individual, mas por possuir mais conhecimento do treino. O Futebol Total foi a origem do futebol a que assistimos hoje, com maior controlo do tempo e do espaço, a ponto de ter tornado o jogo parecido com o andebol: 11 contra 11 num espaço de 35 metros, todos próximos», recorda Simões.
Da meia-final de 1972, na qual participou Johan Neeskens, António Simões recorda o que os jogadores do Benfica disseram uns para os outros face a tanta mobilidade do adversário, um tipo de futebol inovador e surpreendente numa era em que não havia observação de adversários: «Como é que vamos parar estes gajos? E ainda por cima tendo o Cruyff?»
A comparação com Jaime Graça
De Neeskens, Simões recorda um tipo de jogador que só mais tarde seria batizado como box to box. «Comparo-o ao nosso Jaime Graça, que tanto estavam junto à sua área a recuperar bolas como de seguida iam à área contrária marcar um golo». O neerlandês, «além de grande futebolista, era um grande atleta», daqueles que «dificilmente atingiam as 120 pulsações».
Assim se perde uma das figuras marcantes do 'Futebol Total', que deixou uma marca indelével no futebol europeu e impediu o Benfica de conquistar mais uma Taça dos Campeões.