Apoio Incondicional
Apesar das desilusões da época passada e da míngua de títulos, a que a Supertaça não matou a sede, bem como da desconfiança generalizada relativamente a Roger Schmidt, o benfiquista puro e duro, do Terceiro Anel, que não pertence a qualquer bolha elitista que funciona em circuito fechado, continua a acreditar no clube, no lema, na força da tradição, e mais uma vez diz presente, abstraindo-se das questões políticas, apostando no que paga (e não é já assim tão pouco): 90 minutos caseiros, nacionais e internacionais, de uma experiência imersiva, de partilha de um ideal, uma cor e de uma comunhão centenárias.
Como disse um adepto, «esse é o Benfica que não tem preço».
Reforços Necessários
Ao dia de hoje, o Benfica apenas precisa de um defesa esquerdo que esteja para lá de todas e quaisquer dúvidas. A prioridade será investir, sem tibiezas, incertezas ou hesitações, em alguém que pegue de estaca, e nesse particular, quer o departamento de scouting, quer o próprio treinador, devem atravessar-se.
Ainda assim, a evolução de Carreras é também aguardada com expectativa.
Aprendendo com os Erros
Na época 2023/24, as mudanças foram muitas, e para pior, e é a partir desses erros que Roger Schmidt deve aprender a esquematizar 2024/25.
Segundo uma análise, foram três os «erros crassos, imperdoáveis, de palmatória»:
1. Perda de Gonçalo Ramos
Quando Gonçalo Ramos saiu para o PSG, o Benfica perdeu o primeiro defensor, e hipotecou a possibilidade de executar a pressão alta que lhe permitia roubar a bola ao adversário e atacar a seguir em superioridade numérica. Por isso, passou a ser mais fraco, quer a defender, quer a atacar, porque escolheu para substituir Ramos um ótimo futebolista, Arthur Cabral, mas talhado para outro futebol.
2. Saída de Grimaldo
A partida de Grimaldo, que fazia as despesas do ataque no flanco esquerdo e se ocupava da maior parte das bolas paradas, foi um tiro no pé que o Benfica deu e nunca foi capaz de emendar. Provavelmente, ao longo da temporada de 2023/24, a ala esquerda foi aquela em que os encarnados se mostraram mais perdidos, especialmente o seu treinador, que chegou a apresentar duplas de profundidade zero formadas por Morato e João Mário.
Com este contexto, o equilíbrio esquerda-direita perdeu-se, e o Benfica passou a ser, a maior parte das vezes, uma equipa condenada a afunilar o jogo contra equipas com a zona central densamente povoada.
3. Chegada de Di María
A chegada de Di María desequilibrou o resto. De uma penada, o Benfica deixou de atacar pela esquerda com a saída de Grimaldo, e deixou de defender pela direita com a inclusão do argentino. Apesar de ter sido o melhor jogador do Benfica com a bola no pé, para trás, por mais que quisesse, Di María já não podia.
Seja como for, independentemente de se achar maior ou menor utilidade na presença do argentino na equipa do Benfica, a verdade é que com ele as coisas mudaram muito...
Regressar às Origens
Parece claro que Roger Schmidt precisa de regressar às origens, exigir pressão alta, equipa subida e pouco espaço entre setores, usar Pavlidis, que sabe fazê-lo, como usava Gonçalo Ramos, dar a direita um Neres que seja coletivo e se complemente com Bah, ou em alternativa a um Schjelderup que cresceu tanto que foi chamado à Seleção A da Noruega, que tenha em Leandro Barreiro, mais consistente do que Florentino, o par ideal para João Neves.
O segredo para 2024/25 estará em devolver o comboio aos carris, colocando o foco na equipa, porque, como se viu em 2023/24, no futebol ninguém ganha nada sozinho.