Conclusões da Ernst & Young
O Benfica divulgou esta sexta-feira os resultados da Auditoria Forense, concluída em setembro de 2023 de acordo com o Relatório e Contas. A auditoria, realizada pela empresa Ernst & Young, analisou 51 transferências efetuadas entre 2007/08 e 2022/23, durante a presidência de Luís Filipe Vieira.
Segundo o documento, a SAD encarnada «não foi diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes», mas foram encontradas cerca de 200 «irregularidades e/ou particularidades» nessas 51 transferências.
Documentação Incompleta
A Ernst & Young refere que as análises foram feitas com base apenas nos documentos disponibilizados pelo próprio Benfica, muitas vezes não sendo os originais, mas sim cópias. Além disso, o auditor utilizou dados de sites externos como o Transfermarkt e o ZeroZero para avaliar o desempenho dos jogadores.
«Todas as análises foram feitas com base apenas em documentos disponibilizados pelo próprio Benfica e que, muitas vezes, esses documentos nem eram originais, mas sim cópias», pode ler-se no documento.
Offshore e Falta de Assinaturas
A auditoria revela que dez das empresas envolvidas em algumas das transferências investigadas tinham sede em paraísos fiscais, como o Dubai, Malta, Chipre e Panamá. Isto, ainda que não seja ilegal, «impossibilita a confirmação de valores, intermediários e destino de verbas».
Outro aspeto destacado é a «falta de assinaturas» nos contratos investigados. Apesar de estarem registados normalmente na SAD, a maioria deles não está assinado por dois administradores, conforme exigido nos estatutos. Alguns têm apenas uma assinatura e, num caso, o contrato não tem qualquer assinatura.
Casos Suspeitos
A auditoria aponta vários casos «estranhos» e de «conflito de interesses», nomeadamente nas transferências de Jonas, Dálcio e Pêpê Rodrigues, e Andrija Zivkovic.
No caso de Jonas, as empresas envolvidas nos contratos tinham ligação a familiares do jogador brasileiro, tendo os seus familiares beneficiado de 6 milhões de euros em comissões. Quanto a Dálcio e Pêpê Rodrigues, jogadores que nunca se estrearam na equipa principal, o empresário Ulisses Santos recebeu 700 mil euros em comissões. No caso de Andrija Zivkovic, o pai do jogador, que se assumiu como seu representante, encaixou 5 milhões de euros com a transferência.
Balanço Final
Apesar de todas as irregularidades encontradas, a Ernst & Young garante que, «entre compras e vendas, o Benfica não só não foi lesado, como ainda fez um lucro de 97 milhões».
Resta agora aguardar a posição do Ministério Público sobre este relatório. De notar que o nome de Rui Costa apenas é mencionado uma vez, quando o auditor escreve que «partilhou o relatório» com o dirigente.