Auditoria da EY diz que Benfica teve saldo positivo de 97 milhões de euros em transações de jogadores
A consultora Ernst & Young (EY) concluiu que o Benfica teve um saldo positivo de 97 milhões de euros com as transações de 51 jogadores, entre 2007/08 e 2022/23. A auditoria, a que o jornal Record teve acesso, sublinha também que a sociedade desportiva não foi lesada pelos representantes dos jogadores.
Segundo o relatório, este valor representa apenas 29% das 176 operações verificadas no referido período. A EY analisou em detalhe os dossiês de Claudio Correa, Derlis González e César Martins, tendo posteriormente passado a pente fino mais «48 jogadores e respetivos 76 agentes».
Conclusões da auditoria
«Em jeito de conclusão geral desta Auditoria Forense, percorridas as 4 dimensões de análise descritas e analisadas as volumetrias de informação referidas, não identificámos nenhuma situação ou particularidade em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes», sublinha o relatório.
As conclusões apresentadas no documento «são baseadas no trabalho realizado entre os dias 1 de setembro de 2021 e 13 de outubro de 2023, o qual teve por base a informação, dados e documentação obtidas até ao dia 6 de outubro de 2023 e, como tal, não faz referência a situações subsequentes». A EY ressalva que poderá «alterar o relatório em função de qualquer informação que venha a ficar disponível posteriormente».
Objetivo da auditoria
Segundo a EY, o objetivo da auditoria foi averiguar a existência de «irregularidades» nos pagamentos e recebimentos nas transferências, eventuais prejuízos suportados pela SAD e ainda «o grau de envolvimento e a amplitude do conhecimento por parte dos intervenientes envolvidos em tais transações, bem como eventuais conflitos de interesse».
As informações em análise, fornecidas pelo Benfica, focaram-se no período de 14 anos entre 2008 e 2022. A EY garante que não foi «apresentado qualquer tipo de restrição de acesso à mesma», embora não tenha «realizado qualquer verificação sobre autenticidade» dos documentos.
Análise de e-mails
As caixas de correio eletrónico de Domingos Soares de Oliveira, Miguel Moreira e Paulo Alves também foram analisadas. «Esta análise de emails traduziu-se num volume de 354 GB de informação indexada através de tabelas com 'key words', relacionadas com os 51 jogadores analisados e os 76 agentes envolvidos, que deram origem a 1,7 milhões de hits e a 244 747 emails analisados», refere a EY.
«Da revisão de emails sobre as transações, ficou claro que havia uma troca de informações importantes dentro de um grupo restrito de pessoas. Em relação à autorização ou confirmação para realizar pagamentos, Miguel Moreira e Paulo Alves procuravam, quase sempre, validar se Luís Filipe Vieira estava de acordo com qualquer pagamento, antes da sua realização. No que diz respeito à gestão do futebol profissional, é possível verificar, ao longo do tempo, uma grande envolvência por parte do diretor desportivo em funções em cada momento da análise», lê-se no documento.
Reação do Benfica
O Benfica, em comunicado, refere que deu «total autonomia» à consultora, «tendo sido analisadas um total de 51 transações em todas as suas vertentes, correspondentes à totalidade dos contratos que o MP terá considerado, de alguma forma, suspeitos».
A SAD liderada por Rui Costa revelou ainda que já enviada cópia do relatório para o Ministério Público e garante que «não deixará de zelar pela defesa intransigentes dos interesses da Benfica SAD em tudo o que se revelar necessário, procurando pautar a sua conduta, sempre, pela legalidade e pelas melhores práticas.»