O processo do "Saco Azul" deu mais um passo esta semana, com a decisão do juiz de instrução criminal de levar a julgamento todos os 9 arguidos, incluindo a Benfica SAD e a Benfica Estádio. Esta decisão surpreendeu o advogado da Benfica SAD, João Medeiros, que lamentou que o juiz não tenha valorizado a "abundante prova" apresentada pela defesa.
Apesar da referência ao "Saco Azul" na acusação, os arguidos vão responder por crimes de fraude fiscal e falsificação de documentos, e não por qualquer ilegalidade relacionada com o suposto fundo oculto. Os advogados do Benfica mantêm a convicção na inocência dos seus clientes e esperam poder demonstrá-lo no julgamento.
Decisão surpreendente para a defesa
«Naturalmente, não me pareceu bem e não era isto que estávamos à espera. É uma decisão com a qual não contávamos», afirmou João Medeiros, advogado da Benfica SAD. O letrado lamentou que o juiz de instrução «não acolheu os argumentos apresentados pela defesa do Benfica e desvalorizou toda a abundante prova produzida em sede de instrução».
Medeiros sublinhou que «o senhor juiz de instrução criminal resolveu fundamentar a pronúncia com base nos elementos que, sem contraditório, já tinha no inquérito». Agora, a defesa do Benfica espera «ir para julgamento e aí discutir prova a prova e suportar a inocência dos nossos clientes».
Acusação não inclui o "Saco Azul"
Segundo João Medeiros, «os arguidos vão a julgamento por crimes de fraude fiscal e falsificação de documentos. Nada tem que ver com a questão do saco azul. É, aliás, importante que fique patente que não obstante as referências feitas na instrução ao dito saco azul, e agora na decisão instrutória, as aludidas referências a um saco azul não são nada mais do que isso, referências».
O advogado reforçou que «quando chega a altura da fazer a dedução da acusação, aquilo que é imputado às sociedades e às pessoas singulares são crimes de fraude fiscal e falsificação de documentos. Portanto, saco azul nem vê-lo.»
Confiança na absolvição
Quanto à probabilidade de uma condenação, João Medeiros mostrou-se tranquilo. «Um juiz de instrução que se preze só pode enviar um processo para julgamento se entender que há mais probabilidades de condenação do que absolvição. Portanto, o senhor juiz de instrução teve a oportunidade de dizer aquilo que é a interpretação para enviar um processo para julgamento», referiu.
Os advogados da Benfica SAD, Paulo Saragoça da Matta, Rui Patrício e João Medeiros, manifestaram «revolta e desilusão» pela decisão, mas mantêm a convicção na absolvição dos seus clientes. «Vai aguardar serenamente pelo julgamento para, nessa sede, pugnar pela absolvição», concluiu o comunicado.