Com o FC Porto a preparar a difícil deslocação ao terreno do Arouca, para a 24.ª jornada da Liga, o treinador Martín Anselmi aproveitou a conferência de imprensa para fazer uma extensa análise sobre o momento da sua equipa.
Anselmi começou por explicar que o seu trabalho como treinador assenta, principalmente, em tomar decisões com base em fundamentos sólidos, que partem de uma análise profunda dos jogos. «A minha análise vem do contexto, do rival que defrontámos, do que funcionou ou não, e a partir daí encontramos os fundamentos para perceber se há algo a mudar ou não», afirmou.
Análise aos resultados
O treinador portista reconheceu que, por vezes, os resultados não refletem a verdadeira imagem do que se passou em campo. «Posso fazer 50 remates à baliza rival e não marcar. Há coisas que não têm nada a ver com a forma como defendemos. A jogada mais perigosa que o adversário [Vitória de Guimarães] teve no jogo passado, veio de uma bola que era nossa. Perdemo-la, golo do adversário. Então tenho de analisar essa bola perdida», explicou.
Ideias para a equipa
Anselmi defendeu as ideias que pretende implementar na sua equipa, realçando a importância da pressão e da recuperação rápida da bola. «Estamos a recuperar a bola muito rápido e de forma muito intensa. Eu quero ver uma equipa que pressione e que roube a bola o mais rápido possível. Isso é o que eu quero, como o fazemos é que pode variar», referiu.
Questionado sobre a eficácia ofensiva da equipa, que nem sempre se traduz em golos, o técnico afirmou que tem de analisar esse aspeto com cuidado. «Ofensivamente, podemos não ter a quantidade de remates que o FC Porto devia ter e eu tenho de analisar o que está a falhar. Será que os jogadores tomam a melhor decisão no momento do último passe? Mas e se o jogador tomar a decisão correta na mesma? Há muitas situações que geramos que não resultam em chances de golo porque falta esse último passe.»
Consistência defensiva
Sobre a consistência defensiva da sua equipa, que sofreu oito golos nos últimos seis jogos, Anselmi revelou que esse não é o seu maior foco. «Não é a minha maior preocupação. Quero marcar golos. Mas se me deixa muito feliz não sofrer golos? Parece-me que, para uma equipa ser campeã, é preciso sofrer poucos golos. No final das contas, podes ganhar os jogos todos por 1-0. Sim ou sim para ganhar. É muito importante terminar com a baliza a zeros e trabalhar para que o FC Porto sofra menos golos, sim. Não é o que mais me preocupa, mas é algo que me ocupa.»
Relação com adeptos
O treinador dos dragões abordou ainda a relação com os adeptos, afirmando respeitar muito o apoio dos adeptos portistas, mesmo quando estes se mostram descontentes com os resultados. «Também disse que, antes de ser treinador, fui adepto. Sei o que é ir ver o nosso clube a outro país, ir apoiar, chorar pela nossa equipa, o ganhar, o perder. Os adeptos, no geral, são o mais importante que há no futebol. Respeito-os muito. Depois, há o contexto e o caminho. Entendo os adeptos, mas também é preciso entender que o nosso trabalho dará essas alegrias. E temos de ser firmes. Eu sei o que estamos a fazer, vamos conseguir transmitir o que estamos a trabalhar.»
Questionado sobre o motivo da sua contratação pelo FC Porto, Anselmi foi direto: «Porque é que o FC Porto me contratou? É evidente.» O técnico parece determinado em deixar a sua marca e implementar a sua filosofia no clube, apesar dos resultados recentes não terem sido os melhores.