Dos 64 clubes ainda em prova na – tão majestosa - festa da Taça de Portugal, sobram dois elementos dos distritais. Pouco habituados a estas andanças, mas com uma ambição enorme de fazer o que nunca foi feito.
O distrital: a base da pirâmide do futebol português. É onde os esforços se fazem no inverno às oito da noite, depois de trabalhar numa escola, num banco ou num hospital. É onde acontecem as maiores histórias de amor ao clube e à terra. O jogo, ali, é pura paixão.
Clube centenário da Póvoa de Lanhoso
A juntar-se ao JD Lajense, o Maria da Fonte, clube (quase) centenário da Póvoa de Lanhoso. Situado na periferia de Braga, o Maria é um dos clubes mais tradicionais do distrito.
O Maria da Fonte é um clube muito importante no distrito de Braga. Estamos a entrar agora em 2025, ano do centenário. É um clube com muita história aqui no distrito, juntamente com o SC Braga e Vitória SC. São clubes muito antigos e, apesar de estarmos numa divisão que não é a nossa, é um clube que continua a ser reconhecido para qualquer sítio que vá como um dos clubes importantes do distrito, disse o presidente Amaro Leite.
Histórica visita do Arouca
Sobre o jogo com o Arouca, Amaro descreve o momento histórico pois, em 99 anos de história, será apenas a segunda vez que uma equipa da I Liga defronta o Maria da Fonte. Tivemos o Santa Clara, em 2018, mas nunca tivemos outra equipa da I Liga aqui. Já estamos a fazer história, porque o clube por muito poucas ocasiões conseguiu atingir a terceira eliminatória. A quarta eliminatória só por uma vez em 100 anos é que conseguiu e nós queremos pelo menos igualar esse feito. Temos muito respeito pelo Arouca, mas queremos passar.
As expectativas são de uma grande tarde de domingo. Às 15 horas, horário habitual dos jogos da equipa no campeonato, acredita-se que o David possa tombar o Golias. Teremos uma grande equipa pela frente, ainda há pouco disputou competições europeias. O jogo, quando começa, está zero a zero. O Arouca tem, obviamente, mais qualidade do que nós, mas mais vontade não vai ter. Vamos dar tudo para, quando o jogo terminar, dignificarmos a Póvoa e o clube. Se aí pudermos juntar uma vitória, melhor.
Objetivo: Voltar aos Nacionais
O objetivo da temporada é claro: subir ao Campeonato de Portugal, divisão da qual o Maria da Fonte foi despromovido há três temporadas. No ano passado ficámos em segundo lugar e não conseguimos a subida. O objetivo passa por recolocar o Maria da Fonte nos Campeonatos Nacionais. É isso que nos faz sentido, ainda para mais em ano de centenário. O Maria entra para ganhar em qualquer campo.
Capitão é ídolo da terra
Como em tantos outros emblemas das distritais por esse país fora, na Póvoa de Lanhoso o capitão é um ídolo da terra. Em 36 anos de vida, Rui Abreu representou o Maria da Fonte em 23 deles. Porquê? Paixão.
É uma vida de paixão. Todos os anos tenho a oportunidade de sair e de ir para outros clubes, mas o coração fala mais alto e vou ficando. É a paixão, o querer, as pessoas gostarem de mim. Cada ano que passa sinto-me melhor aqui e voltava a fazer tudo igual, assumiu o capitão.
Treinador motivado
Depois uma temporada como selecionador da AF Braga, Filipe Gonça voltou à rotina de clube pela porta do Maria Fonte, casa que considera especial. O Maria é um clube especial, onde as pessoas têm aquele bairrismo quando entram aqui nos Moinhos Novos. Sinto-me em casa, é um clube acolhedor, que me recebeu muito bem aqui e todos os jogadores que passam por cá sentem isso mesmo.
É uma semana diferente, onde não é preciso motivação. Nós tentamos levar isto da melhor forma possível, tranquilos, com a preparação normal deste jogo, mas sabemos que temos pela frente uma equipa muito capaz. O importante era marcar aqui a presença, nesta eliminatória e, a partir daqui, temos chances de conseguir eliminar o Arouca. Porque não?, assumiu o técnico de 40 anos.
Futebol distrital cada vez mais competitivo
No futebol amador já se trabalha muito bem. Os treinadores são competentes, os jogadores são competentes e as estruturas também querem melhorar e tornam-se competentes. Ano após ano a competitividade e a qualidade aumenta. Já não é aquele futebol que víamos há uns anos largos atrás. Hoje, já temos cuidados especiais e o Arouca terá de ter esse cuidado também.