Pedro Gonçalves, avançado do Sporting, abriu o seu coração numa recente entrevista ao programa Alta Definição
. Em um relato sincero, fez questão de comentar sobre a sua infância e a ausência do pai, que faleceu quando ele era ainda muito novo. “Por vezes sou uma pessoa fria, que não dá um abraço. Mas sei que vem da infância, houve fases em que chorei sozinho. O meu pai faleceu no hospital, com uma infeção. Nunca perguntei mais. Sempre quis viver o dia a dia, para não pensar nas razões pelas quais o meu pai não me pôde ver crescer. Faz parte da vida. Não o conheci e fico triste. Sei que teve uma vida como bombeiro e que foi incrível. Muitos dizem que a minha personalidade é semelhante à dele. Falo muitas vezes com o meu pai, mas tive um padrasto que deu tudo por mim.”
O jogador, que cresceu em Vidago e poucos anos depois se mudaria para Braga, também recordou momentos difíceis que moldaram o seu carácter. “A minha mãe passou por uma depressão e procurei estar sempre presente. Tornou-me mais forte. Tenho muito orgulho nela. Espero que, agora, possa ter descanso e desfrute da vida. Nunca me faltou nada.”
Esta relação forte com a mãe reflete-se na forma como encara a pressão e os desafios do desporto.
Superar as Dificuldades
Ao falar sobre a sua evolução no futebol, Pote destacou as dificuldades que enfrentou, dizendo: “Sempre me mentalizei de que teria de sofrer para alcançar os objetivos. E sempre tive as pessoas certas do meu lado. Atualmente, o Sp. Braga tem condições incríveis, mas entre 2010 e 2015 passei muitas dificuldades. Andava sempre a pé, sozinho. Até por bairros complicados.”
Com um tom de humor, ele lembrou um incidente da sua juventude: “Certo dia, depois da escola, estava a colar os meus cromos na caderneta e vieram dois miúdos, que me queriam levar o cromo do Iniesta, ou o telemóvel. Só tive tempo de guardar o Iniesta e correr.”
Esta resiliência e determinação levará a momentos maiores na sua carreira desportiva.
O Caminho para o Sucesso
Depois de um período conturbado em Valência, Pote encontrou o seu caminho no Famalicão, onde se destacou antes de fazer a transferência para o Sporting. “Com o Ruben tinha umas brincadeiras, por isso é que nos damos tão bem. Somos muito parecidos. Adoro-o como pessoa. Guardo um conselho que me deu desde o início: não deixar o tempo passar. Aproveitar os momentos.”
Ele ainda fala sobre a sensação de estar em campo: “Este grupo é muito forte, é uma família. No Sporting é preciso jogar para ganhar títulos. Orgulho-me de conseguir ultrapassar muitos maus momentos, sem desistir.”
Desafios e Rituais
Sobre os desafios enfrentados durante momentos de lesão, Pote afirmou: “Sim. Joguei muito Playstation para esquecer-me do que estava a viver. Jogo futebol e Call of Duty.”
Ele também contou sobre os rituais antes dos jogos, que refletem a sua fé e superstição: “Em casa temos uma Senhora de Fátima e pai-nosso. No Estádio de Alvalade gosto de falar. Nunca peço para fazer um bom jogo e para ganhar e que as coisas corram bem. Peço para não me lesionar, e depois entrar em campo com três saltinhos e rezar um pai nosso.”
Um Líder em Construção
Pela sua própria conta, ele pode ser considerado um jogador que não nasceu líder, mas que, através das suas experiências e vivências, se transformou em alguém respeitado no balneário. “Sinto que sim, mas na minha cabeça não cabe isso, cabe sempre o miúdo resmungão, divertido.”
Pote tomou a responsabilidade de ser um exemplo para os mais novos e um suporte para a sua equipa.