A recente final da Taça de Portugal revelou muito mais do que apenas o vencedor. Entre as várias nuances do jogo, as escolhas de jogadores e a gestão técnica, fica evidente que a época foi um reflexo de decisões tomadas ao longo do ano.
Importância das Lideranças Estratégicas
Como foi observado, “a diferença de ter começado com Amorim ou com Schmidt contou, seja nas ideias de jogo semeadas ou na coerência do plantel”. Esta citação, que destaca a importância das lideranças estratégicas nas equipas, faz-nos lembrar que as escolhas iniciais podem determinar os resultados finais. No caso do Sporting, o mérito pela conquista do título foi notório, principalmente em relação a como a equipa superou “uma ventania de lesões” e contou com jogadores excepcionais como Gyokeres e Hjulmand.
A vitória sobre o Benfica foi, portanto, fundamentada por um sólido plano de jogo e por uma resiliência admirável.
Performance do Benfica e Críticas
Por outro lado, a performance do Benfica não foi suficiente para evitar a crítica. É revelador notar que “a arbitragem só me parece útil insistir na minha tese de alguns anos, que admite o VAR como uma ferramenta que acrescenta verdade”, mas que ao mesmo tempo elevou a centralidade do árbitro no jogo, transformando a sua presença em algo preponderante. A incapacidade de “controlar qualquer jogo com bola” e as falhas nas escolhas de substituições foram determinantes na derrota da equipa encarnada.
O clima de pressão sobre Rui Costa é palpável, especialmente associado ao “pânico” que se apoderou do clube diante das eleições. O seu estado emocional foi exposto quando disse: “em cada letra, em cada sílaba, pressente-se o desespero do dirigente”. Este desespero é acentuado pelo passado recente do Benfica, que embora tenha uma massa associativa significativa e um orçamento elevado, apresenta apenas “três” troféus nos últimos quatro anos.
Crenças e Críticas Internas
As críticas também se estendem às ações do défice, bem como à forma como a crítica se intensifica na ausência da autocrítica. “É um teatro hipócrita, um teatro terrivelmente famoso em Portugal”. As queixas sobre decisões arbitrárias têm, na verdade, sido uma constante na história do Benfica. O clima que rodeia a relação do clube com as arbitragens é complexo, e a transparência necessária para a aceitação de erros anda de mãos dadas com a responsabilidade interna.
Rui Costa terá assim que se focar em “explicar este desencontro entre as finanças e o sucesso desportivo” se quiser reverter a má fase pela qual o clube passa, ao invés de apenas deixar a crítica fluir e apontar dedos.
Reflexões sobre o Futuro do Futebol
No final das contas, se a final da Taça de Portugal se tornou um espelho da época, não só em termos de competência desportiva, mas também no planejamento e nas estratégias habilidosas entre adversários, é evidente que cada acerto ou erro terá o seu peso na narrativa do sucesso ou do fracasso. O lamento sobre o desempenho em campo é uma constante, mas é a falta de clareza e de compromisso por parte da direção que pode reverberar por muito mais tempo.
“Quem ganha celebra e quem perde justifica-se” parece ser um mantra comum, mas a verdadeira reflexão deve partir de dentro dos clubes e dar passo a um futuro mais sólido. Os desafios são claros: para alcançar resultados tangíveis, é necessário que as instituições assumam a sua parte na narrativa, abordando criticamente não apenas o que ocorre dentro das quatro linhas, mas também o que remete para as instâncias de decisão que moldam o futebol em Portugal.
O verdadeiro espelho da época reflete não apenas os triunfos e as derrotas, mas a essência da integridade e da evolução que devem acompanhar o desporto.