Bernardo Topa, um comissário de bordo de 28 anos, tem estado em destaque após perder a visão do olho esquerdo durante as celebrações do bicampeonato do Sporting. Em uma conversa angustiante, ele explicou como tudo aconteceu e o seu desejo por justiça. “Sinto frustração e revolta. Agora já está e não há nada a fazer. Quero que seja feita justiça, que o autor seja identificado, porque isto não pode voltar a acontecer. É por isso que exponho a situação. Vou apresentar queixa formal presencialmente e depois vamos aguardar pelo desenvolvimento do processo.” Este relato veio à tona cerca de 24 horas após receber alta hospitalar e ele falou ao programa “Dois às 10” da TVI sobre o incidente.
Bernardo descreveu a cena horrível. “Estava no convívio com amigos e, do nada, vejo uma equipa de intervenção da polícia armada a aparecer, ainda longe de mim. Começo a ouvir tiros e disparos, um em direção ao meu olho. Foi de repente. A minha preocupação logo era se estava a conseguir ver, deitei imenso sangue. Foi um cenário horrível e fiquei desesperado, os meus amigos não se aperceberam de nada.” Ele detalhou ainda a sua experiência após o ferimento, lembrando que estava longe do autocarro da sua equipa e que se tinha afastado do corpo de intervenção da PSP para evitar confusões.
Busca por Ajuda Imediata
Após ser atingido, Bernardo procurou ajuda imediatamente: “Depois encontrei dois agentes e dirigi-me a eles a pedir ajuda. Vieram depois duas enfermeiras, estancaram o sangue até chegar a ambulância. Só via de um olho, percebi logo o que se estava a passar, deitei imenso sangue, mas fui percebendo que o pior cenário se confirmava.” A gravidade da situação rapidamente se tornou evidente.
“Na ambulância estava muito pessimista, chegado ao hospital na triagem disseram-me logo que era muito grave. A bala foi direta ao olho e destruiu-o. A operação serviu para retirar a bala que ficou alojada e os estilhaços todos.” A descrição detalhada da dor e do desespero demonstra a profundidade da experiência traumatizante que Bernardo enfrentou.
Dificuldades Após a Operação
Voltando para o presente, ele partilhou as dificuldades que enfrenta após a operação: “Falaram-me de reconstrução e do que é necessário. Estava muito concretizado profissionalmente e o que já soube é que com prótese não posso trabalhar. Foi tudo assustador, é tudo muito recente e estranho. Ainda estou em tratamento, vou ter consultas, não tenho dores, estou medicado. Já me vi sem penso e é mesmo muito feio... Depois vou avançar para uma prótese.” A sua frustração é evidente, especialmente considerando a nova realidade que terá de enfrentar.
Além de relatar o apoio recebido após o incidente, incluindo a visita do Presidente do Sporting, Bernardo reafirmou a necessidade de responsabilização. “O presidente do Sporting foi lá [ao hospital], ofereceu-me a camisola nova, muito bonita por sinal. Ofereceram-me todo o apoio. Saiu aquele comunicado e pode ser importante daqui para a frente.” Ele está determinado a buscar justiça e espera que esta trágica situação leve a mudanças, para que episódios como o seu não se repitam.
