A final da Taça de Portugal em 1995/96 é lembrada por uma tragédia que marcou para sempre o futebol português. Carlos Xavier, antigo futebolista do Sporting, partilha as suas dolorosas recordações daquele dia fatídico. O evento, que viu a morte de um adepto, levantou questões sobre a continuidade do jogo face a uma fatalidade desta magnitude.
A partida, disputada a 18 de maio de 1996, entre Benfica e Sporting, ficou para a história não apenas pelo resultado de 3-1 a favor do Benfica, mas pela perda trágica de Rui Mendes, adepto leonino, atingido por um very light. Carlos Xavier, presente no jogo, relata o momento do acidente e a incredulidade que se seguiu.
As Recordações Dolorosas
Carlos Xavier descreve as recordações como as “piores” e algo que, “por mais que queiramos apagar do pensamento, nunca vamos esquecê-las”. Critica a decisão de continuar o jogo, afirmando que, “Independentemente do clube do adepto em causa, a final tinha de acabar ali, mas isso não aconteceu”.
No banco de suplentes, Xavier ouviu o “barulho de um foguete a passar”. Pensando que iria para o ar, a equipa apercebeu-se da gravidade da situação ao verem “um burburinho na bancada do Sporting” e perceberem que “tinha havido um acidente grave”. No final, “aconteceu o impensável”, recorda.
A Decisão de Continuar o Jogo
Apesar da tragédia, o jogo prosseguiu sob a arbitragem de Vítor Pereira. Xavier não se apercebeu de qualquer discussão para suspender a partida. Na sua opinião, deviam “ter dado a partida como suspensa e retomá-la mais tarde”, mas, como ele próprio diz, “lá está, é o futebol que temos”.
As emoções no estádio eram um misto de euforia do jogo e o luto pela perda de uma vida, um contraste que Xavier considera insensato manter em simultâneo.
O Impacto Humano
Para os jogadores, era difícil focar-se no jogo. Xavier confessa que era “complicado estar ao mesmo tempo com a cabeça no jogo e na bancada”. Após as notícias, ficaram todos “transtornados e tristes pela perda de um sócio do Sporting”, ressalvando que a dor seria a mesma “Se fosse com um associado do Benfica”.
Este trágico evento reforça a ideia de que o respeito pela vida humana está acima de qualquer rivalidade desportiva, uma lição amarga aprendida naquele dia.
Apelo à Mudança e Reflexão
Quase três décadas depois, Carlos Xavier continua a defender que “não há motivo algum para se continuar a jogar futebol depois de um acontecimento daqueles”. Considera que o que aconteceu foi “ridículo” e que o futebol deve sempre priorizar os valores humanos.
À medida que Benfica e Sporting se preparam para mais um dérbi, a memória de Rui Mendes serve como um lembrete sombrio. É um apelo à reflexão e à mudança, para que a segurança e a vida estejam sempre acima da competição. O futebol é paixão, mas essa paixão nunca deve culminar em tragédia.