A seleção portuguesa de futebol deixou muito a desejar na sua recente deslocação à Dinamarca, para defrontar a seleção local, em jogo a contar para as quartas de final da Liga das Nações. A exibição da equipa das Quinas gerou uma onda de preocupação e críticas, colocando em causa o futuro próximo da equipa e do seu treinador, Roberto Martínez.
Numa partida em que se esperava uma resposta forte da seleção nacional, o que se viu foi uma equipa apática, sem ideias e incapaz de contrariar o esperado futebol aguerrido e vertical dos dinamarqueses. A derrota, embora não comprometa totalmente as aspirações portuguesas na competição, deixou marcas profundas e abriu um debate sobre o rumo que a seleção deve seguir.
A Crítica de Rui Almeida
O jornalista Rui Almeida, na sua coluna de opinião Livre e Direto
, não poupou críticas à atuação portuguesa, descrevendo-a como “pungente, insuficiente, sôfrega e quase a cortar o tal cordão umbilical com adeptos que nela se revêem, justamente, como exemplo permanente de representação e superação”
.
Almeida destacou a “sensação passada de impotência e impreparação perante uma equipa que, naturalmente, fez pela vida (e muito bem!), mas não apresentou em campo nenhuma surpresa, nem ao nível tático, nem no nome dos protagonistas no relvado”
. Para o jornalista, a Dinamarca “foi o que é sempre: aguerrida, vertical, física, determinada e empolgada”
, evidenciando a falta de resposta por parte de Portugal.
O Desafio de Pedro Proença
Perante este cenário, o ex-árbitro e agora dirigente, Pedro Proença, enfrenta o seu primeiro grande desafio
ao lidar com a situação da Seleção. A questão que se coloca é clara: “O desafio seguinte será perceber se Roberto Martínez é o seu treinador ou se irá por outro caminho”
.
A necessidade de virar resultados negativos
, como o verificado frente à Dinamarca, aumenta a pressão sobre Proença e a sua decisão sobre o futuro do comando técnico da seleção portuguesa.
Problemas Recorrentes
Rui Almeida aponta para um problema que tem sido recorrente na gestão de Roberto Martínez: “E é este o dado inadmissível da questão, ademais porque não é a primeira vez, no consulado de Roberto Martínez, que tal sucede. Com rigidez tática, com opções a montante e durante o jogo muito discutíveis, com a manutenção teimosa e quase inqualificável de Cristiano Ronaldo, aos 40 anos, como titular durante 90 minutos”
.
A questão da convocatória de jogadores também é abordada: "Lembro-me do tempo em que, para o treinador nacional, era inconcebível convocar para os trabalhos da equipa das Quinas alguém que não fosse titular no seu clube, sob a velha questão: “Se não tem qualidade para se impor semanalmente no clube, como é que vai jogar na seleção?”…”.
Desempenho Abaixo do Esperado
O texto de referência menciona que a seleção portuguesa está a “perder poder de fogo”
, com dificuldades em marcar golos, especialmente na ausência de Cristiano Ronaldo. Esta quebra de rendimento é particularmente preocupante numa competição como a Liga das Nações, onde “o equilíbrio é mais patente e que o desafio é mais equilibrado”
.
A disparidade entre o desempenho dos jogadores em seus clubes e na seleção é outro ponto de preocupação, como salienta Rui Almeida: “Pela frente encontrou um grupo de aristocratas da bola. Gente muito bem paga, com a vida feita muito para além do tempo útil nos relvados, e que jamais pareceu estar concentrada, focada, motivada como uma representação portuguesa tem de estar”
.
Apelo à Reflexão
A análise conclui com um apelo à reflexão: “Divagações de memória à parte, concluamos o raciocínio: nenhum português que goste do jogo e o veja com alguma equidistância e equilíbrio se pode sentir satisfeito com a (in)capacidade da representação nacional na Dinamarca. E muito menos se pode sentir seguro ao perceber, ao longo de vários desafios e convocatórias, as tibiezas e explicações pouco convincentes do seu máximo responsável”
.
O artigo termina com um tom de chamada de atenção: “Muito pobre a exibição de Portugal frente à Dinamarca. Amanhã, em Alvalade, é hora de redenção”
. A seleção portuguesa tem agora a oportunidade de mostrar que o jogo na Dinamarca foi um percalço e que tem capacidade para voltar a apresentar o futebol que se espera de uma equipa com as suas ambições.