Amor incondicional
Muitos adeptos fazem qualquer coisa pelo clube que amam. Longas viagens, noites em claro nos aeroportos, gastos financeiros avultados ou até faltar ao trabalho para apoiar a equipa durante 90 minutos. Para uns, estes planos são semanais, mas para outros, a história não é bem assim. A vida leva-nos por vezes para outras cidades, longe de casa. Mas o amor pelo clube nunca desaparece, apenas é vivido de forma diferente.
É o caso do núcleo de adeptos do Sporting Clube de Portugal em Bruxelas, a única representação leonina na Bélgica. Falámos com André Paula Santos, um dos fundadores deste grupo, sobre as dificuldades, as viagens, as experiências e, acima de tudo, as «loucuras» (no bom sentido) de seguir o Sporting à distância.
O núcleo de Bruxelas
Segundo o website oficial do Sporting, existem 19 núcleos estrangeiros do clube espalhados por 11 países. Entre eles, o núcleo de Bruxelas, fundado por um grupo de portugueses que se junta de vez em quando para almoçar ou ver jogos.
«A partir daí, nunca mais conseguimos estar na mó de cima. Não possuímos a capacidade de ter a contabilidade organizada, personalidade jurídica, um registo... Tudo isso só vale a pena se tivermos uma base sustentada de adeptos. Aqui acaba por ser mais complicado», lamentou André.
Horários desafiantes
Um dos principais obstáculos para o núcleo de Bruxelas é o horário dos jogos do Sporting. «Os encontros, para quem está na Bélgica, são muito tarde. Aqui começam às 21h00, 21h30, 21h45... Isso afastou o pessoal. Ninguém se vai meter num café num domingo à noite para chegar a casa muito tarde», explicou André.
Anteriormente, o grupo reunia-se num café chamado Sporting Clube Campomaiorense, que entretanto encerrou, deixando-os sem um ponto de encontro.
A vida de emigrante
André veio para a Bélgica devido a um estágio na Comissão Europeia, acabando por ficar e casar-se com uma não portuguesa. «Voltar a Portugal apenas de férias ou para ir ao Estádio José Alvalade acompanhar o Sporting», revelou.
«Uma das coisas mais difíceis quando emigrei, em 2011, foi deixar de ir aos jogos em Alvalade. É diferente só ir aos encontros fora, pois acaba por ser mais caro. Mas meto-me no avião e rapidamente chego a Lisboa.»
Experiências inesquecíveis
Apesar da distância, André não abdica de acompanhar o Sporting nos jogos mais importantes. «Faço um esforço adicional para ir aos jogos de maior interesse. Há uns anos fui ver um Sporting - Benfica. Se ganhássemos éramos campeões. O jogo acabou 0-0, foi miserável [risos]. Tinha viajado de manhã e fui embora no dia seguinte.»
André recorda também a visita ao Signal Iduna Park, do Borussia Dortmund, como uma das melhores experiências: «Aquela 'muralha amarela'... Impressionante. A receção foi muito amigável, excelente. Adorei o ambiente.»
Adeptos respeitados em toda a Europa
«Quando digo aos estrangeiros que o Sporting não é só futebol, eles ficam sempre admirados porque isso não acontece na maior parte da Europa. Falei-lhes das temporadas do futsal ou do andebol, que estão em grande plano. Acho que eles não possuem um conhecimento aprofundado relativamente ao tamanho do clube.»
André recorda também a viagem a Varsóvia, para enfrentar o Legia, como uma experiência «um bocado assustadora», devido à hostilidade dos adeptos polacos. «Lembro-me que era novembro, ou seja, estavam menos dez graus.»
Rumo a Bruges
Esta terça-feira, o Sporting joga na Bélgica, em Bruges, num jogo da Liga dos Campeões. André será um dos muitos sportinguistas que irá marcar presença para apoiar a equipa.
«Já me disseram que estão previstas 3000 viagens de Portugal para ver a partida, sendo que o Sporting irá ter direito a... 1400 bilhetes. Em Bruges, ao contrário de outros estádios, não deixam adeptos da equipa visitante ir para a bancada central, mesmo que tenha um bilhete válido», revelou.
Expectativas para o jogo
«Vai estar muito frio e isso condiciona o estado do relvado. Mas os belgas estão habituados a este tipo de condições. O país é do tamanho do Alentejo e tem um campeonato em que as equipas lutam todas de forma aguerrida. O Club Brugge é forte. Eu tenho vários amigos do Club Brugge que estão motivados. Vai ser difícil, no entanto, temos qualidade e capacidade para ganhar. Apostava num 1-3», concluiu André.