Considerado um dos melhores jogadores da história do futebol indiano - o mais internacional e maior marcador de sempre da seleção -, o já retirado Sunil Chhetri viveu em 2012/13 a sua única aventura na Europa, quando trocou o Mohun Bagan pelo Sporting. Chegou a Lisboa com a reputação de ser um dos melhores do seu país, mas a passagem por Alvalade resultou num fracasso, com apenas 3 jogos pela equipa B.
Doze anos depois, já no conforto da reforma, Chhetri recorda em entrevista à agência noticiosa ANI como tudo aconteceu nesse período em Portugal.
O choque com o futebol europeu
Assinei pelo Sporting e treinei uma semana com a equipa A. Antes disso, o meu treino e o meu nível eram o da Liga indiana, que era onde jogava. De repente, vou para o Sporting, um clube que era, e ainda é, um dos melhores da Europa e do mundo... o salto foi demasiado para mim, assumiu o indiano, antes de fazer uma curiosa analogia.
Estava na 3.ª classe e de repente passei para a 10.ª. E o meu professor diz-me 'amigo, tu não sabes nada, não tens nem ideia do que é trigonometria. Vai embora e estuda'. Era como se estivesse a estudar matemática normal e de repente tivesse de estudar o Teorema de Pitágoras. Não conseguiria perceber. E lá estava eu...
O peso do estatuto no país de origem
Chhetri assume que o estatuto que tinha no seu país, de certa forma, o deixou ainda mais desanimado em Portugal. Estava no banco. Colocaram-me no banco e, pensando nisso, dizem-te que não és bom o suficiente para a equipa A e vais jogar na equipa B? E já era tão difícil estar longe do meu país, onde era alguém. Não vou dizer que era o número 1, mas era alguém. Não foi fácil de digerir isso.
Nessa altura, quando voltava ao meu apartamento em Lisboa estava sozinho. Não tinha família. Não havia ninguém para dizer-me 'está tudo bem, vai correr tudo bem'. Foi muito difícil, assumiu.
O conselho para outros jogadores indianos
Não quer dizer que um miúdo indiano não o possa fazer, mas salto tem de ser dado muito mais cedo. Imaginemos que eu ia para o Sporting aos 17. Podia não entender aos 17, aos 18, mas aos 20 já entenderia, considerou o jogador, deixando um recado para jovens compatriotas que sonham com uma aventura na Europa.