Rúben Amorim tem marcada para domingo, em Braga, a despedida da nação leonina, ele que no dia seguinte se apresenta ao serviço no todo-poderoso Manchester United para aí iniciar uma nova etapa numa carreira, até aqui, vitoriosa.
O técnico volta a uma casa que bem conhece, tendo em conta que foi em Braga que, em 2020, começou a mostrar-se no patamar mais alto do futebol nacional, levando Frederico Varandas e Hugo Viana a apostarem forte, com a SAD leonina a pagar €10M relativos à cláusula de rescisão do treinador com o SC Braga.
A Chegada a Alvalade
O risco era muito, mas, logo na apresentação, o técnico, então com 35 anos, quando muitos duvidavam da aposta, a levantar uma questão que demonstrou para o que vinha de leão ao peito. «Muitos dizem que pode correr mal. E eu pergunto: e se corre bem?», disse.
E correu mesmo bem e a comprová-lo estão os títulos conquistados de leão ao peito: dois campeonatos, duas taças da Liga e uma Supertaça Cândido de Oliveira e, em termos financeiros, muitos jogadores valorizados e o Manchester United a pagar um pouco (€11 M) mais do que aquilo que os leões liquidaram junto dos bracarenses.
A Despedida de Alvalade
A despedida de Alvalade foi de conto de fadas, com uma vitória retumbante diante do multimilionário Manchester City, com um triunfo por 4-1. Na hora do adeus à casa do leão, em declarações ao jornal oficial do clube, Rúben Amorim deu conta da sua satisfação. «Se tivesse de escolher o último dia em Alvalade era assim. Estou muito feliz com este momento. Foi tudo muito marcante e não poderia pedir melhor final. Acima de tudo, a aventura foi inacreditável foi muito melhor do que pensava, fiz muitos amigos e serei sempre um bocadinho do clube. Virei cá quando tiver de vir», acrescentou, voltando ao momento em que aceitou a proposta inglesa: «Até ao último dia dei tudo que tinha, fiz uma escolha muito difícil para mim, mas volto a dizer: não cresci do Sporting, mas esta foi a melhor fase da minha vida. Marcar assim as pessoas é o mais importante.»
Despedida em Braga
Rúben Amorim diz adeus em Braga e seja qual for o resultado do clássico há uma certeza: deixará o Sporting em primeiro lugar, pois poderá perder na Cidade dos Arcebispos e o FC Porto ganhar o clássico ao Benfica mas tem vantagem no confronto direto, pois venceu em Alvalade os dragões, por 2-0, na quarta jornada do campeonato.
Esta será uma grande herança que deixará a João Pereira, o mais do que provável seu sucessor, mas Amorim quer mais.
Recorde de Vitórias Consecutivas
E em Braga vai em busca de igualar um recorde em contexto leonino, o de vitória consecutivas no campeonato. O atual pertence ao Sporting do malogrado Marinho Peres em 1990/1991, com onze, e o atual leão tem dez.
Os adversários do início da década de 90 do século passado foram V. Guimarães, Penafiel, Salgueiros, Boavista, Belenenses, E. Amadora, União, Nacional, V. Setúbal e Famalicão, numa série que terminou em Chaves (2-2). Esta época, os opositores até ao momento foram Rio Ave, Nacional, Farense, FC Porto, Arouca, Aves SAD, Estoril, Casa Pia, Famalicão e E. Amadora e Rúben e o plantel leonino quer acrescentar o SC Braga, naquele que seria um adeus escrito nas nuvens.
Números Impressionantes
Os números apresentados pelo leão até ao momento na Liga dão margem de confiança: 35 golos marcados e três sofridos, numa equipa que não perde para o campeonato desde 9 de dezembro de 2023, ou seja, há 335 dias.
Um Legado Incrível
Apesar de estar prestes a rumar a Inglaterra, para orientar o Manchester United, Rúben Amorim, de 39 anos, terá tempo para uma última valsa no comando técnico da equipa 'verde e branca', no estádio do Sporting de Braga, clube em que iniciou a carreira e do qual se transferiu para o Sporting.
O treinador foi contratado em 04 março de 2020 e logo em 2020/21 liderou os 'leões' na conquista do título nacional, em plena pandemia de covid-19 e após 19 anos de espera, o mais prolongado jejum da história do centenário clube lisboeta.
Rúben Amorim repetiu o feito em 2023/24 e pode voltar a sagrar-se campeão esta época, tornando-se, a par de Galloway e Szabo, o treinador com mais títulos conquistados pelo Sporting (aos quais juntou duas Taças da Liga e uma Supertaça portuguesa), mas, ao contrário dos antecessores, terá de comemorar longe de Alvalade.