Um início fantástico
Em seis jogos na Série D do Campeonato de Portugal, o Lusitano Ginásio Clube de Évora soma 12 golos marcados e nenhum sofrido. Até mesmo na Taça de Portugal o registo tem sido positivo, com apenas um golo sofrido diante do Académico de Viseu, mas que não impediu a eliminação desse clube da primeira divisão após o desempate por grandes penalidades.
O treinador Pedro Russiano, de 39 anos, está na época de estreia neste clube após três temporadas no Juventude de Évora, o rival da cidade. «Tem sido um início fantástico», destaca o técnico, que sublinha a «coesão» da equipa como «mais-valia» do sucesso do Lusitano.
Organização defensiva
Segundo Russiano, a chave para este arranque impressionante prende-se com «uma grande organização defensiva, juntamente com alguns jogadores que estão habituados a jogar uns com os outros». O treinador explica que o modelo de jogo passa por «roubar a bola o mais à frente possível», o que dificulta a chegada dos adversários ao último terço do campo.
De facto, na época passada, o Lusitano de Évora também se destacou pela solidez defensiva, sofrendo apenas nove golos em 26 jogos da Série D. «Nas minhas últimas épocas, ao serviço do Juventude, tivemos um registo de melhor de defesa do Campeonato de Portugal», recorda Russiano.
Um clube com história e ambição
O Lusitano de Évora é um clube com uma história assinalável, tendo estado 14 anos na primeira divisão nos anos 50 e chegado também à II Divisão. Atualmente, o objetivo é a subida à Liga 3, campeonato dominado nos últimos anos por clubes das grandes áreas metropolitanas.
Para isso, o presidente do clube, Pedro Caldeira, tem investido, construindo recentemente uma academia com dois campos relvados e dois sintéticos, o que coloca o Lusitano em vantagem face a muitos rivais. No entanto, Russiano lamenta que «ultimamente, o Alentejo tem estado fora desses grandes investimentos», o que dificulta o recrutamento dos melhores jogadores.
Um regresso aos bons tempos
As vitórias sobre equipas com outros argumentos, como o Académico de Viseu e o Estoril, têm galvanizado os adeptos do Lusitano. «Nesses dois jogos estivemos bem, apresentámos bom futebol e ganhámos. Este último jogo foi espetacular. Foi a cidade toda ao estádio, num espírito fantástico», ilustra Russiano.
O treinador revela que «os sócios não viam, há mais de 30 anos, um ambiente daqueles no Estádio Lusitano». E garante que «poder dar-lhes esta vitória, frente a um clube da Liga, foi um orgulho imenso. E é uma recordação que vou ter para o resto da vida».
Amigos de infância
Antes de se tornar treinador, Pedro Russiano tentou a carreira de futebolista, tendo passado pela formação de grandes clubes nacionais como Benfica, FC Porto e Vitória de Setúbal. Na formação do Benfica, era amigo de infância de Ruben Amorim, atual treinador do Sporting.
«Ganhei-lhe [1-0, aos 90+3']. Foi o último jogo dele no Casa Pia, antes de ir para o Sp. Braga. Durante muito tempo, fui o último treinador a ganhar-lhe [risos]», recorda Russiano, lembrando o confronto entre as suas equipas quando Amorim ainda era treinador estagiário.
A aprendizagem com Jorge Jesus
Russiano acredita que o sucesso de Ruben Amorim não é surpreendente, uma vez que «todos os que passaram por Jorge Jesus ficaram com uma grande leitura tática». O treinador do Lusitano elogia a «formação dele no Benfica, aliado à experiência como jogador», que «tudo isso foi uma ajuda para ele que seja o treinador de hoje».
Antes de se tornar treinador principal, Russiano também passou por outras experiências, como preparador físico no Gil Vicente e na equipa técnica do Belenenses, ao lado de Silas e Zé Pedro.
Quebrar as muralhas de Évora
Agora, num distrito que tem passado ao lado das manchetes do futebol nacional, Pedro Russiano procura dar mais alegrias aos adeptos de um clube histórico como o Lusitano de Évora. O próximo desafio é a eliminatória da Taça de Portugal frente ao Fabril do Barreiro, neste domingo.