O Casa Pia fez a curta deslocação a Alvalade, mas parece que se enganou no estacionamento, acabando por parar o autocarro diretamente no relvado. O treinador João Pereira, que dá os primeiros passos na Liga aos 32 anos, já tinha avisado na véspera que tinha o objetivo de ser o primeiro a «tirar pontos aos leões». «Nada mais legítimo», escreveu o técnico.
No entanto, a estratégia apresentada pelo Casa Pia no jogo deixou muito a desejar em termos de espetáculo. A equipa apresentou-se num sistema de 6-3-1, chegando mesmo a jogar em largos períodos num 6-4-0, algo que o autor considera «ofensivo». Com 77% de posse de bola para o Sporting, ficou evidente a desigualdade entre as duas equipas.
Sporting impõe-se, mas espetáculo ficou aquém
Apesar de o Casa Pia ter tido a primeira oportunidade do jogo, o Sporting acabou por se impor e somar mais três pontos. Contudo, o pior ficou para o espetáculo. O autor lembrou-se dos «piores anos do futebol português», dos anos 80/90, com «táticas quase primitivas» e jogos em que «valia quase tudo».
Rúben Amorim, treinador do Sporting, admitiu que vários dos seus jogadores estavam no limite físico e que alguns deles até jogaram em sacrifício. O autor interpretou isso como uma crítica implícita à estratégia defensiva do Casa Pia, como quem diz: «Obrigado por jogares à defesa. Se tens jogado ao ataque terias causado bem mais problemas e, quem sabe, até somado pontos...».
Campeonato cada vez mais desequilibrado
O autor ficou com a sensação de que o Casa Pia se apresentou para perder por poucos, algo que não teve a ver com a tática ou a estratégia, mas sim com a atitude. Esta não foi a primeira vez que uma equipa adotou um sistema de três centrais ou três defesas, mas o autor considera que o modelo de jogo do Sporting é um bom exemplo de que isso não significa necessariamente um jogo mais defensivo.
Simultaneamente, o autor ficou a pensar que o campeonato português está cada vez mais desequilibrado. Os clubes médios e pequenos perdem muitas das suas mais-valias a cada época e nem todos têm capacidade para se regenerar, o que é um grande problema para o futebol português enquanto espetáculo. Isto é ainda agravado pelo facto de os treinadores não terem tempo, como demonstram os casos de Roger Schmidt (Benfica), Daniel Sousa (SC Braga), Tozé Marreco (Gil Vicente), Filipe Martins (E. Amadora) e José Mota (Farense).
Fuga de talentos prejudica equilíbrio competitivo
O autor dá alguns exemplos da delapidação da nossa Liga, com a saída de jogadores como Jota Silva e Ricardo Mangas do V. Guimarães, Rafa Mújica e Cristo González do Arouca, Mattheus Oliveira e Bruno Duarte do Farense, ou Luiz Júnior e Jhonder Cádiz do Famalicão. Basta olhar para os resultados do campeonato para perceber o desequilíbrio, com o Sporting a ganhar todos os jogos, o FC Porto a perder apenas com os leões e o Benfica a ceder pontos apenas com... Roger Schmidt.
Tempo para mudar o futebol português
Algo tem de mudar no futebol português, conclui o autor, para que o espetáculo volte a ser atrativo.