A relação entre clubes e seleções nacionais no futebol português

  1. Média de 8 a 10 dias de interrupção de rotinas presenciais de treino no clube de origem dos jogadores convocados
  2. Jogadores ficam enquadrados noutros perfis de exigência técnica, tática, competitiva e emocional quando convocados
  3. Viagens longas, alterações climáticas e fusos horários desafiam a readaptação dos jogadores após jogos pelas seleções

Um delicado equilíbrio


A relação entre os campeonatos nacionais e as seleções é um tema complexo que gera frequentes discussões no mundo do futebol português. Por um lado, a convocação de jogadores para representar as suas seleções durante a época dos clubes pode trazer benefícios a nível internacional, mas por outro lado, pode também comprometer o rendimento das equipas de origem.

Segundo o especialista, quando os jogadores são chamados às seleções, ficam sujeitos a uma «média de 8 a 10 dias de interrupção de rotinas presenciais de treino no seu clube de origem», como afirma. Além disso, passam a estar «enquadrados noutros perfis de exigência técnica, tática, competitiva e emocional, com distintas equipas técnicas e por vezes com diferentes objetivos de conquista». Esta transição abrupta pode, na sua opinião, «comprometer algumas respostas comportamentais, nomeadamente ao nível do espírito de coesão de grupo».

Os desafios da logística


O autor refere que, após os jogos pelas seleções, os jogadores enfrentam ainda desafios adicionais, como «as viagens de longas durações», «as alterações climáticas detetadas» e «os consequentes fusos horários a ultrapassar pelo jet lags existentes». Estes fatores podem levar, segundo o especialista, a «situações de dessincronização dos ritmos biológicos, gerando manifestações de fadiga, perturbações do sono, maior dificuldade de concentração, maior irritabilidade ao desgaste, maior perceção à ameaça, diminuição do estado de alerta, alteração do ritmo cardíaco, etc.».

Apesar destes desafios, o texto reconhece que tanto as seleções como os clubes têm vindo a desenvolver «equipas pluridisciplinares de suporte, cada vez mais alargadas e potencialmente autenticadas de rigor e competência técnica e científica», que desempenham um papel crucial na «readaptação dos jogadores, para a retoma das suas valências anteriormente justificadas».

Uma questão de espírito de equipa


No entanto, o autor acredita que, para além das metodologias físicas, atléticas, táticas, fisiológicas, funcionais e comportamentais, «o estado de autoconfiança, o desejo e motivação para a partilha e consolidação dos caminhos do sucesso, o estado de alma, o espírito de equipa e o eco de presença daqueles que lhe estão próximos, ainda é capaz de provocar uma força suplementar aglutinadora para a consecução dos êxitos anteriormente obtidos».

O texto conclui com exemplos de treinadores que, através de uma «identidade coletiva demolidora», servida com «um legado de afetuosa transparência e inultrapassável competência», conseguiram alcançar o sucesso, mesmo perante os desafios inerentes à gestão dos jogadores entre clubes e seleções.

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