Vitória SC e Real Betis reencontram-se esta quinta-feira no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, para a segunda mão dos oitavos de final da Liga Conferência. Onze anos após o seu único confronto, as duas equipas voltam a medir forças numa competição europeia, com o objetivo de alcançar os quartos de final da terceira maior prova de clubes da UEFA. O jogo surge após um empate a duas bolas em Sevilha, no primeiro embate entre os dois emblemas.
Em 2013/14, recorde-se, os dois clubes cruzaram-se na fase de grupos da Liga Europa, com o Bétis a levar a melhor em ambos os jogos, vencendo por 1-0 tanto em casa como fora.
Confrontos entre adeptos
A antecâmara do jogo ficou marcada por desacatos entre adeptos na noite de quarta-feira, em Guimarães. Vídeos partilhados nas redes sociais mostram adeptos do FC Porto, que se juntaram a ultras do Bétis, a tentar atacar apoiantes do Vitória SC.
A polícia interveio para evitar confrontos mais graves. Posteriormente, adeptos vitorianos atiraram material pirotécnico contra os rivais, elevando a tensão antes do importante duelo europeu.
Confiança de Ademir
Ademir Alcântara, figura incontornável do Vitória SC de Marinho Peres, que chegou aos quartos de final da Taça UEFA em 1986/87, mostra-se entusiasmado com o atual momento da equipa vimaranense. «Está a ser uma boa época do Vitória, principalmente na Europa. Conseguiu um grande resultado em Sevilha e vê-se que a equipa cresce exibicionalmente quando joga na prova», sustenta Ademir.
O antigo jogador, que brilhou na campanha europeia de 1986/87, elogia o potencial do atual Vitória e antecipa um ambiente fervoroso no Estádio D. Afonso Henriques. «Tem tudo para fazer outro grande jogo, está muito bem, conta com vários jogadores em grande fase, como Bruno Varela, Tiago Silva e Samu. Acredito que vai fazer um grande jogo e repetir o feito de 1986/87. Com o apoio dos seus adeptos, vai ficar muito difícil para o Bétis, mesmo tendo grande equipa», vaticina o antigo jogador.
Memórias de 1986/87
Ademir recorda com saudade a campanha de 1986/87, em que o Vitória eliminou o Atlético de Madrid e o Groningen, antes de cair nos quartos de final frente ao Borussia Mönchengladbach. «Era uma equipa diferenciada, não temíamos ninguém, jogássemos em Guimarães ou fora. Jogávamos sempre para ganhar, o Marinho colocou isso na cabeça dos jogadores. Foi uma campanha muito boa e até podíamos ter vencido a competição, porque estávamos muito fortes», recorda.
O antigo jogador brasileiro recorda que o confronto com o Borussia Mönchengladbach foi dificultado pelas condições climáticas adversas na Alemanha. «O problema foi que nos cruzámos com um adversário forte e enfrentámos também a dificuldade climática. Praticamente nevava na Alemanha. Em condições normais, o resultado seria outro, não estávamos bem preparados, até em termos de material de trabalho, para o frio, que nos colheu de surpresa», explica.
O papel de Marinho Peres e Pimenta Machado
Ademir destaca a importância do treinador Marinho Peres na motivação da equipa. «Marinho tinha o dom de motivar, era espetacular! E não havia noção exata da força dos rivais. No final do jogo em Madrid, com o Atlético, só gritava para o carregarmos em ombros. Como jogara em Barcelona, queria ser exaltado pelos adeptos deles», conta.
Ademir sublinha também o papel do então presidente, Pimenta Machado, em garantir a estabilidade financeira do clube. «Pimenta Machado dava o suporte financeiro, tudo em dia, nós só tínhamos a obrigação de jogar», afirma.