António Peres, conhecido como o Puskás do Candal, é uma figura lendária do Vitória de Guimarães, onde deixou a sua marca ao longo de nove épocas. O médio-ofensivo, que fez 222 jogos e marcou 54 golos pelo clube, relembra com carinho os anos em que fez parte da primeira equipa lendária dos Conquistadores, com destaque para a presença na final da Taça de Portugal de 1962/63 e a luta pelo título nacional em 1968/69.
"Motivou-me a possibilidade de regressar para perto de casa e acertei na escolha. Fiquei muito surpreendido com a mística do Vitória, onde cada chefe de família põe o clube à frente da família. Foi a situação mais marcante para mim, primeiro vive-se o clube, depois o resto. Testemunhei, realmente, uma entrega fantástica das pessoas ao Vitória", recorda Peres, destacando a paixão e devoção dos adeptos do clube.
Peres também partilha sobre a evolução do futebol ao longo dos anos: "O futebol mudou imenso, é hoje completamente diferente, a começar nos equipamentos e no tipo de campo. Lembro uma maioria de pelados quando jogava", refletindo sobre as mudanças no desporto ao longo das décadas.
A Chegada ao Vitória
"Tenho essa sensação que a minha vinda para o clube, acompanhado de vários outros colegas que também saíram do Benfica, contribuíram para o transpor de algumas barreiras, oferecendo uma melhor situação ao Vitória. Os resultados tornaram-se melhores, fomos todos preponderantes durante vários anos. Diria mesmo durante os nove anos em que joguei em Guimarães, tal como o Mendes e o Pinto".
No entanto, nem todos os momentos foram de glória para Peres, que recorda de forma marcante a final da Taça de Portugal em que foi expulso: "Marcou-me pela negativa a final da Taça de Portugal porque acabámos derrotados pelo Sporting, que era um rival muito superior. Mas, nesse jogo, tive a única expulsão da minha carreira. Era um jogador consolidado na equipa e num lance em que percebi que os jogadores adversários estavam a dar um baile, a fazer uma espécie de meiinho, entrei com tudo a varrer. Antes de receber o vermelho, já me encaminhava para sair, percebi logo a gravidade. Fui expulso por um amigo, já que o árbitro Clemente Henriques frequentava a mesma praia que eu, em Lavadores. Falávamos com frequência", revela Peres sobre o incidente.
Contribuições para o Clube
Além da sua carreira como jogador, Peres também desempenhou funções de co-responsável do futebol juvenil e diretor no Vitória, mostrando o seu compromisso e dedicação ao clube ao longo dos anos.
Peres destaca ainda os grandes jogadores que passaram pelo Vitória, incluindo nomes como Caiçara, Silveira, Lua, Manuel Pinto, Augusto, Djalma, Mendes, Tito e Paulinho Cascavel, enaltecendo a qualidade e o talento que animaram as bancadas do clube ao longo dos anos.