O tenista português João Sousa, natural de Guimarães, concedeu a sua última conferência de imprensa antes da reforma, onde abordou diversos temas, desde os seus planos futuros até aos momentos mais marcantes da sua carreira profissional.
Despedida como jogador profissional
Questionado sobre a sensação de se despedir como jogador profissional, João Sousa expressou: «É especial, hoje é um dia especial, pelo momento, obviamente, não pela derrota, mas também, era um bocadinho expectável. Acho que, apesar de não estar nas melhores condições físicas, dei tudo nos últimos tempos para estar a 100% aqui e, apesar de tudo, acho que não fiz um mau encontro. Muito mérito do Arthur [Fils], que acho que fez um excelente encontro. São muitas as memórias que me vêm à cabeça. Foram muitos momentos passados aqui e ser a última, enquanto jogador de ténis, é sempre especial. Mas, como digo, não é um momento de tristeza, é um momento de alegria. Estou de consciência tranquila. Gostaria de ter dado vitórias aos portugueses, mas não foi possível e, portanto, tenho que aceitar isso com naturalidade. Estou muito feliz pela carreira que tive ao longo de todos estes anos».
Continuar ligado ao ténis no futuro
Em relação à possibilidade de continuar ligado ao ténis no futuro, João Sousa revelou: «Muito sinceramente, nunca pensei muito sobre isso. Foram muitos anos de desgaste, não só físico, mas também mental. Eu costumo dizer que o ténis é uma forma de viver, não é um desporto. Nós temos que viver o ténis. Segue-se um período de reflexão bastante profunda, para tentar descansar também da alta competição, que acho. Mas acredito que outros capítulos virão, certamente relacionados com o ténis, acredito que sim. Acho que faria sentido».
Momentos que o fizeram crescer
Sousa também partilhou os momentos que mais o fizeram crescer ao longo da sua carreira: «Todas as derrotas são momentos duros, algumas doem mais do que outras, simplesmente porque a expectativa é diferente. Quando treinamos bem e os resultados não acompanham essa expectativa, é frustrante. O ténis é muito frustrante, é difícil de aceitar muitas vezes. É um desporto de aceitação em tudo. Dos erros que fazemos, das bolas boas que temos, dos adversários. É muito exigente. Lembro-me de um momento duro que fiz umas nove ou dez primeiras rondas seguidas, numa série de derrotas gigantes, e são momentos em que duvidamos de muita coisa. Tudo faz parte da nossa aprendizagem. E eu consegui dar a volta a esses momentos. Sem a ajuda do Frederico Marques e de quem esteve ao meu lado não seria possível. Foi uma aprendizagem constante como pessoa, não só como jogador».
Nova geração de jogadores portugueses
Sobre a nova geração de jogadores portugueses, João Sousa mostrou-se otimista: «Eu olho com muito positivismo. Acho que temos jogadores muito bons. Eu gostaria de acreditar que dei alguns grãos de areia para que o ténis continue a melhorar em Portugal. Temos muito potencial. O Nuno [Borges] está top 100 neste momento. E portanto, acho que o futuro do ténis nacional é risonho».
Possibilidade de assumir cargo de selecionador nacional
Quando questionado sobre a possibilidade de assumir o cargo de selecionador nacional, Sousa respondeu: «Futuramente, sim, eu acho que seria algo que eu poderia fazer. Por que não? A Taça Davis é uma competição que me diz muito, eu sempre fiz questão de o dizer e de mencionar. Sempre que fui convocado, nunca falhei uma única eliminatória e, portanto, é algo que realmente sinto que não existe maior honra do que representar o nosso país. Sim, sem dúvida, se no futuro essa opção surgir e se eu for convidado a fazê-lo, acredito que seria uma boa opção».
Mensagens de apoio dos colegas de profissão
Por fim, João Sousa partilhou sobre as mensagens de apoio que recebeu dos seus colegas de profissão: «Durante esta semana, os meus colegas têm-me dado um carinho gigante, falei imenso tempo com o Dominic [Thiem], o Gael [Monfils] veio ter comigo. É bom receber esse carinho dos meus colegas, perceber que de certa maneira veem o trabalho que tive todos estes anos. É bonito sentir o respeito dos jogadores durante tantos anos. Não é fácil ter isso, mas acho que consegui e foi demonstrado durante toda esta semana. O Pedro Martínez veio ter comigo estava eu a tomar banho! Dei tudo o que tinha e os atletas sabem disso».
João Sousa encerrou assim a sua carreira profissional com gratidão pelos momentos vividos e com a esperança de continuar a contribuir para o ténis nacional no futuro.