O ex-secretário da Mesa da Assembleia Geral (MAG) do FC Porto, Fernando Sardoeira Pinto, partilhou detalhes inquietantes sobre a Assembleia Geral realizada em novembro de 2023, revelando que pediu repetidamente a Lourenço Pinto, então presidente do órgão, que encerrasse a reunião. “Eu e o Nuno Cerejeira Namora, vice-presidente da MAG, dissemos a Lourenço Pinto e ao presidente do Conselho Fiscal, Jorge Guimarães, que tínhamos de terminar aquela AG, estava impossível. Foi dito a Lourenço Pinto várias vezes que terminasse e ele insistiu em prosseguir,”
responsabilizou. Essa insistência de Lourenço Pinto ocorreu num ambiente de crescente tensão e desacatos, que tornaram insustentável a continuidade do ato.
Sardoeira Pinto explicou ainda que Lourenço Pinto agiu de forma individual, sem consultar o órgão que dirigia, tendo decidido de maneira unilateral alterar o local da reunião de auditório do estádio para o pavilhão Dragão Arena. “Só tive conhecimento de que a AG iria passar para o Dragão Arena quando Lourenço Pinto o disse ao microfone, para minha surpresa e de todos os que estavam comigo,”
acrescentou, evidenciando o choque entre os membros da MAG e a gestão da Assembleia.
Clima de Tensão
O clima deteriorou-se ainda mais após o discurso de Henrique Ramos, que foi considerado por muitos como a assembleia mais negra
da história do clube. Vítor Hugo, um histórico jogador e treinador de hóquei em patins pelo FC Porto, descreveu os insultos e a hostilidade que enfrentou durante a AG. “Uma senhora no topo norte entrou em conflito com outro adepto na lateral, que se dirige à bancada onde ela estava. A adepta saiu para uma bancada onde costumam estar os jornalistas e, ao passar por mim, chamou-me de 'mamão',”
relatou, destacando o nível de agressão verbal que se tornou comum entre os adeptos.
A situação foi ainda mais complicada pelas ações de Marco Santos, genro de Vítor 'Catão', que testemunhou coerção por parte do seu familiar em relação à comunicação social. Ele disse que, após acalmar Vítor 'Catão', este manteve uma atitude correta e sem conflitos durante toda a reunião. No entanto, logo em seguida, Vítor 'Catão' alegou ter recebido ameaças de morte de Bruno Branco, chefe da PSP. Segundo ele, isso ocorreu depois que um vídeo acusador foi feito a respeito de um suposto ataque a um associado na AG, enquanto o presidente portista prestava declarações à comunicação.
Consequências para a Direção
As tensões não se limitaram aos adeptos; Vítor Baía, vice-presidente da anterior direção do FC Porto, que tinha audição prevista para hoje, foi dispensado pela defesa de Fernando Madureira e Sandra Madureira. A situação revela a fragilidade da atual estrutura diretiva e a necessidade de uma reavaliação das suas abordagens na gestão do clube.
Desde o início da Operação Pretoriano, 12 arguidos, incluindo o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, estão a responder por crimes diversos, com Fernando Madureira sendo o único em prisão preventiva entre eles. O tribunal está a investigar 31 crimes em total, que abrangem desde coação e ameaça agravada até ofensas à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, revelando um cenário de gravidade nas operações relacionadas ao clube.
A Imagem do FC Porto em Questão
Os acontecimentos da AG não apenas suscitam questões sobre a gestão interna do FC Porto, mas também afetam a sua imagem perante os adeptos e o público em geral. A reputação do clube está em jogo, uma vez que os adeptos exigem transparência e responsabilidade por parte da direção.
Face a este quadro, é imperativo que o FC Porto recupere a confiança dos seus associados e que a atual liderança analise criticamente os eventos recentes, procurando evitar a repetição de tais episódios no futuro. A continuidade desta crise poderá ter implicações graves para a estabilidade e futuro do clube no competitivo panorama do futebol português.