Edith Aghehowa, mãe de Samu, conta a jornada da Nigéria até Espanha: “Demorei dois anos entre o meu país e Marrocos”
. “Vivemos dois anos em Melilha, num centro de acolhimento de refugiados, depois viemos para Sevilha. Graças a Deus, no centro de imigrantes, eu consegui um visto de trabalho, o Samu conseguiu um visto de residência.”
As dificuldades financeiras atingiram a família durante anos. “Às vezes, não havia dinheiro para pagar a renda, entendes ou não? Havia dias em que só me apetecia largar tudo e fugir”
, recorda Edith. Mas o futebol acabou por ser a tábua de salvação para Samu.
“Aos seis anos, Samu começou a jogar numa escola de futebol em Sevilha. A mãe não tinha dinheiro para a inscrição, mas uma prima emprestou-lhe 20 euros e lá conseguiram juntar os 60 euros necessários”
, conta a história Cristo Toro, diretor desportivo da AD Nervión, clube onde Samu passou a maior parte da formação.
“Ele não queria aceitar, mas eu metia-lhe o dinheiro no bolso”
, lembra Maria Sánchez, presidente da AD Nervión durante 36 anos. “Queria muito que ele triunfasse, por ele e pela mãe, bem precisavam. É que precisavam mesmo muito.”
Segundo o antigo treinador Juan Antonio Milla, “notava-se que tinha condições físicas incríveis, que não eram normais, mas ainda era um pouco descordenado, tinha carências a nível técnico, a nível tático, até porque vinha de um clube humilde, de bairro, mas como tinha uma capacidade de trabalho incrível foi melhorando aos poucos.”
Após as passagens pelo Granada e Atlético Madrid, Samu encontrou finalmente a sua oportunidade no FC Porto. “Só Deus sabe o que o Samu passou neste verão. Primeiro foi o Atlético Madrid, depois o Chelsea”
, lembra a mãe Edith. Mas o jogador acabou por rumar a Portugal, onde cumpre o sonho de dar uma vida melhor à família.
“Todos os dias, quando me levanto, agradeço a Deus a força que o Samu nos deu. Ele sempre me que disse que me queria dar uma vida melhor”
, conclui Edith Aghehowa, orgulhosa da jornada percorrida pelo filho.