O julgamento da Operação Pretoriano continua a trazer à luz as tensões que marcaram a Assembleia Geral do FC Porto, realizada em 13 de novembro. Durante a 6.ª sessão do julgamento, um associado presente na assembleia descreveu um ambiente hostil e repleto de intimidações. “Era convicção dos adeptos que aquela assembleia podia trazer perigos, uma vez que existiam ameaças nas redes sociais”
, começou por dizer o sócio, evidenciando o clima de apreensão que se vivia antes mesmo do início da reunião.
Ao entrar no pavilhão, a situação tornou-se ainda mais alarmante. O associado explicou: “Logo ali na zona ouvi gritos e quando entrei no pavilhão percebi o motivo. Existiam distúrbios na bancada norte, pessoas a saltar e a fugir.”
Um amigo, que se atreveu a filmar a situação, sofreu represálias. O sócio recorda que uma rapariga lhe tirou o telemóvel e, com um tom de intimidação, disse: “Entre marido e mulher não se mete a colher, também filmas quando discutes com a tua mulher?”
Isso ilustra o cerceamento da liberdade de expressão e o medo que permeava aquele espaço.
Atmosfera Ameaçadora
A hostilidade não se limitou a essa situação isolada. O associado relatou mais episódios que demonstram a atmosfera ameaçadora. Ele testemunhou Sandra Madureira em confronto com um jovem por este ter feito uma publicação nas redes sociais durante a assembleia: “Insurgiu-se com um miúdo por ter publicado logo nas redes sociais, isso foi audível. Esse tipo de ambiente é o que se vivia lá dentro.”
Outro momento crítico ocorreu durante o final da assembleia, quando um grupo de pessoas começou a dirigir-se para o palco onde estava Henrique Ramos. O associado sentiu-se novamente ameaçado: “Nessa altura, um rapaz vai falar ao palco, o Henrique Ramos. Fala, depois senta-se ao nosso lado e, nesse momento, há um grupo de pessoas que estava junto aos Super Dragões e senti-me ameaçado.”
Aqui, o relato destaca a sensação de vulnerabilidade que muitos associados sentiram naquele ambiente já tenso.
Inação das Autoridades
Além das intimidações, o associado também criticou a inação dos órgãos sociais presentes: “Ninguém fez nada na altura. Havia pessoas a pedirem para chamarem a polícia. Todos estiveram sentados sem fazer nada a não ser apelar à calma.”
Este testemunho denuncia não apenas a violência física, mas também a omissão das autoridades dentro do próprio clube, que não tomaram medidas para garantir a segurança dos que ali estavam.
O clima de intimidação e a inércia das autoridades foram questões centrais durante a audiência, enquanto o tribunal procurava esclarecer os eventos que decorreram naquela assembleia. As tensões acumuladas, a violência física e o comportamento intimidatório dos associados criaram um retrato sombrio da comunidade que rodeia o FC Porto, uma situação que aguarda por responsabilização e mudança.