Domingos Paciência foi uma das figuras emblemáticas do FC Porto durante a longa presidência de Jorge Nuno Pinto da Costa. O antigo avançado representou o clube em 381 ocasiões, um registo impressionante que demonstra a confiança depositada nele pelo dirigente.
Paciência recorda com gratidão o papel desempenhado por Pinto da Costa no seu desenvolvimento como jogador, destacando a capacidade do presidente em «ver quem éramos e quem podíamos ser» e valorizar o talento dos jovens jogadores. Este foi um aspeto fundamental na sua carreira, que se iniciou no FC Porto aos 13 anos de idade.
Pinto da Costa manteve Paciência no clube
Paciência destaca que, durante a sua transição da formação para a equipa principal, várias equipas secundárias mostraram interesse em contratá-lo, mas Pinto da Costa nunca quis deixá-lo sair do FC Porto. «Quando estava a fazer a transição da formação para a equipa principal, havia muitas equipas secundárias que queriam contratar-me e ele nunca quis deixar-me sair», afirma o antigo jogador.
Mais tarde, após boas épocas com Bobby Robson, surgiram propostas de clubes como o Inter, o PSG treinado por Artur Jorge e o Deportivo da Corunha. No entanto, Pinto da Costa sempre lhe disse que era «importante» para ele e para o clube, algo que Paciência considera não serem apenas «palavras», pois é um dos 11 jogadores que mais atuaram durante a presidência do dirigente.
A saída difícil do FC Porto
Eventualmente, chegou o momento de Paciência, que marcou 143 golos pelo FC Porto, deixar o clube e rumar a Espanha, um processo que o próprio considera «não ter sido fácil». «Estivemos a negociar durante um dia inteiro, até às quatro da manhã. Ele não me queria vender, até chegámos a apalavrar a minha renovação. Cheguei a casa e telefonei-lhe a insistir e ele disse-me: "Está bem, então vai". Disse-me com tristeza.»
Dois anos depois, Paciência esteve próximo de assinar pelo Sporting, mas Pinto da Costa voltou a intervir: «Dois anos depois, estava próximo de assinar pelo Sporting e ele ligou-me para dizer que não podia dar esse passo e voltei atrás. Não podia dizer que não e regressei em 1999.»
O afeto de Pinto da Costa
Paciência recorda a última vez que conviveu pessoalmente com Pinto da Costa, na apresentação do seu livro em 2023. O ex-jogador conta que a cerimónia estava atrasada porque o treinador Sérgio Conceição não tinha chegado, mas Pinto da Costa disse-lhe que não precisava de esperar. «Quando o Sérgio estava na sala, perguntou-me se a minha mulher já tinha chegado e disse-me que então não podíamos começar. Esta é apenas uma amostra do grande afeto que ele sempre demonstrou por mim e pela minha família», concluiu Paciência.