Aclamado pelos adeptos do FC Porto
A morte de Joaquim Pinto da Costa, aos 87 anos, deixa um legado controverso no futebol português. Enquanto foi aclamado pelos adeptos do FC Porto pelos 69 títulos conquistados durante os seus 42 anos de presidência, a sua figura também é alvo de duras críticas por parte de outros clubes e adeptos.
«Pinto da Costa fez tudo o que estava ao seu alcance para ser a melhor coisa que aconteceu aos portistas. Não tenho dúvidas de que conseguiu», escreveu Vasco Mendonça, adepto do Benfica, em artigo de opinião.
Estilo de liderança polémico
A presidência de Pinto da Costa ficou marcada por um estilo de liderança agressivo e polémico, com o dirigente a cultivar uma rivalidade feroz com os principais clubes rivais, Benfica e Sporting. «Fez do ódio aos rivais uma figura de estilo amplamente apreciada. Tanto que produziu efeito como cultura e forma de estar. Tanto que foi copiada por outros dirigentes, inclusive no meu clube», criticou Mendonça.
Pinto da Costa foi ainda acusado de promover uma cultura de "corrupção, agressões, ódio aos rivais, intimidação e violência" no futebol português, que se tornou socialmente aceite durante o seu longo mandato. «Conseguiu até que tudo isto se tornasse socialmente aceite, uma espécie de mal necessário, uma excentricidade em forma de clube de futebol com a qual tínhamos todos que aprender a viver», lamentou o articulista.
Impressionante palmarés desportivo
No entanto, o dirigente portista também deixa um impressionante palmarés desportivo, com 69 títulos conquistados, incluindo duas Taças dos Campeões Europeus e duas Taças UEFA. «Se um presidente do meu clube vivesse até aos 87 anos e, no entretanto, me tivesse permitido celebrar a conquista de duas Taças dos Campeões Europeus e duas Taças UEFA, eu também estaria grato e tenderia a ignorar o resto», reconheceu Mendonça.
Apesar das conquistas, o projeto de dar o nome de Pinto da Costa ao museu do FC Porto sofreu um revés nos últimos dias, devido às conclusões de uma auditoria forense às contas e gestão do clube, que foram mal recebidas pelo dirigente e sua família. Este facto colocou o processo de naming do museu em suspenso, evidenciando as sombras que pairam sobre o legado de Pinto da Costa.