Uma despedida marcada por emoção e divisão
A despedida de Pinto da Costa, o lendário presidente do FC Porto durante 42 anos, ficou marcada por momentos de grande simbolismo e emoção. Milhares de adeptos portistas encheram o Estádio do Dragão para prestar a última homenagem ao seu presidente honorário, numa cerimónia que contou com a presença de diversas figuras do futebol português.
O caixão de Pinto da Costa foi colocado no relvado do Dragão, coberto pela bandeira do clube, numa decisão tomada a pedido do seu sucessor, André Villas-Boas. Contudo, por vontade expressa do próprio Pinto da Costa, nenhum membro da atual direção do FC Porto se juntou aos mais de 15 mil adeptos que compareceram no estádio. Na tribuna presidencial, apenas duas figuras representavam os órgãos sociais do clube: o presidente da Mesa da Assembleia Geral, António Tavares, e o representante do Conselho Superior, Fernando Freire de Sousa.
Ambientes distintos no funeral
O funeral de Pinto da Costa teve dois epicentros unidos pela Alameda das Antas: o Estádio do Dragão e a Igreja de Santo António das Antas. Nesta última, a cerimónia foi marcada por um ambiente de contestação, com a presença de elementos que controlavam as entradas e se reservavam o direito de admissão, manchando a solenidade do momento. Na homilia, o cardeal D. Américo Aguiar fez uma alusão simbólica ao abalo sísmico sentido em Lisboa durante a cerimónia, sugerindo que Pinto da Costa «agora vai interceder junto de Deus» e que, se acontecessem «outras coisas estranhas», já se saberia a razão.
Um legado controverso, mas marcante
Pinto da Costa foi uma figura maior, mas também controversa, no futebol português. Reconhecido pelos seus feitos desportivos, com 26 troféus conquistados, também foi alvo de inúmeras polémicas ao longo da sua longa presidência. Apesar disso, muitos adeptos portistas recordam-no com gratidão, pois foi graças a ele que o clube conseguiu alcançar patamares de grandeza que antes pareciam inatingíveis para um clube português.
A cerimónia de despedida refletiu essa dualidade, com momentos de emoção e aclamação, mas também de contestação e divisão. Pinto da Costa deixou um legado marcante, que será sempre lembrado pelos portistas, mesmo que de forma ambivalente.
