António Lourenço, o Dragão de Ouro em 2024, é uma figura icónica do FC Porto, carinhosamente conhecido como o 'senhor Lourenço'. Com 81 anos e décadas de vivências dentro do clube da sua paixão, Lourenço reagiu consternado ao falecimento de Pinto da Costa, a quem acompanhou de perto durante toda a sua longa e bem-sucedida presidência.
«Um sentido de humor acima da média»
Foi de uma dedicação extrema aos valores do FC Porto, do Porto e do Norte. Um sentido de humor acima da média, cultura geral elevada, contador de histórias e senhor de ironias desconcertantes. Sempre amigo do seu amigo, empenhado em causas sociais e de uma simplicidade extrema! Além de um declamador exímio, elogiou Lourenço.
Pinto da Costa transformou o FC Porto, uma equipa desportiva de uma cidade de 275 mil habitantes, num dos dez clubes mais titulados do mundo. Quando Lourenço entrou para o clube, ainda na década de 80, as instalações eram precárias, mas hoje o FC Porto possui excelentes recintos desportivos e um museu que recebe mais de 175 mil visitantes por ano, 60% dos quais estrangeiros.
«Combateu o centralismo»
No plano desportivo, foram milhares de vitórias e títulos, nacionais e internacionais, em todas as modalidades. Pinto da Costa entrou para presidente, em 1982 e eu comecei a acompanhar as modalidades, com a claque dos Dragões Azuis, em 1983. Vivi estes gloriosos quarenta anos, debaixo da presidência deste homem, que colocou em cima da mesa o problema da regionalização. Combateu o centralismo, destruiu o poder desportivo do sistema do 24 de Abril, estabelecido em Lisboa, recordou Lourenço.
Lourenço, que imortalizou o seu trompete no futebol português, guarda com carinho a saudação que Pinto da Costa lhe fazia sempre que ouvia a sua música: 'Pinto da Costa olé, Pinto da Costa olá! Pinto da Costa olé, Pinto da Costa olé olá'. Para Lourenço, Pinto da Costa foi único, marcou a história do futebol mundial, apesar de ter enfrentado tudo e contra todos, contra o centralismo.