Pedroto, o homem que mudou o FC Porto

  1. Uma figura incontornável na história do FC Porto e do desporto português
  2. O documentário 'José Maria Pedroto, Um Homem Superior' foi exibido em antestreia no auditório que leva o seu nome, no Estádio do Dragão
  3. João Pinto, antiga glória do FC Porto, partilhou memórias sobre o impacto de Pedroto no clube e no seu percurso
  4. A chegada de Pedroto e de Jorge Nuno Pinto da Costa foram decisivas para a afirmação do FC Porto como grande clube a nível nacional e europeu
  5. O documentário revela aspetos desconhecidos da vida pessoal e profissional de Pedroto

Há 40 anos, a 23 de agosto de 1983, falecia José Maria Pedroto, uma figura incontornável na história do FC Porto e do desporto português. Para assinalar esta data, o clube lançou um documentário sobre o mítico treinador, exibido esta segunda-feira em antestreia no auditório que leva o seu nome, no Estádio do Dragão.

Na cerimónia, esteve presente João Pinto, antiga glória do FC Porto e discípulo de Pedroto. O ex-capitão azul e branco partilhou as suas memórias sobre o impacto do treinador no clube e no seu próprio percurso.

O legado de Pedroto


Foi a história do Mestre, de uma pessoa acarinhada pelo clube e por muitas pessoas, principalmente pessoas adeptas do FC Porto que ao longo de muitos anos conviveram com o FC Porto orientado pelo senhor Pedroto. Era uma pessoa... não há palavras para descrever. Eu costumava dizer antigamente que era uma pessoa ou um homem com dois 'H's' grandes. Mas vou dizer agora que é um homem, ou era um homem, com um H muito grande, começou por dizer João Pinto.

O antigo jogador destacou a importância de Pedroto para a afirmação do FC Porto como um grande clube a nível nacional e europeu. O FC Porto, aquilo que tem a aprender com o mestre Sr. Pedroto é que naquela altura o FC Porto era um clube que lutava contra os dois clubes mais rivais, que eram os dois clubes da capital, o Sporting e o Benfica. E como foi dito no documentário várias vezes, eu passei por isso quando comecei a jogar futebol como profissional, que quando atravessávamos a ponte perdíamos logo por 3-0. As pessoas de Lisboa brincam com isso, mas nós que sentimos na pele, sabemos que isso era verdade.

A entrada de Pinto da Costa


João Pinto acredita que a chegada de Pedroto e de Jorge Nuno Pinto da Costa à presidência do FC Porto foram decisivas para mudar essa realidade. E a vinda do Sr. Pedroto, com a entrada do Jorge Nuno Pinto da Costa para a presidência do FC Porto, tornaram e fizeram ver que tínhamos que lutar muito, tínhamos que ter uma alma muito grande para o FC Porto ser cada vez maior e, acima de tudo, começarmos a ganhar coisas que nunca tínhamos ganho.

O ex-jogador recorda que, após a saída de Pedroto, o FC Porto continuou a crescer e a não ter medo de enfrentar os rivais da capital. Foi por isso que passados 19 anos o FC Porto conseguiu o bicampeonato, não conseguiu o tri por tudo aquilo que todos nós sabemos, mas passados dois anos dele ter saído e depois ter voltado, o FC Porto continuou a crescer, continuou a não ter medo de passar as pontes para ir jogar para a margem sul. Isso fez de nós e fez do FC Porto um clube muito grande, não só a nível nacional, mas também a nível europeu.

A emoção do filho


Rui Pedroto, filho de José Maria Pedroto, também marcou presença na antestreia do documentário e recordou o pai com grande emoção. É mais difícil falar do pai. Como filho, estou comovido, como visivelmente se comprova pelas imagens. As minhas primeiras palavras é para agradecer aos homens da comunicação social por estarem aqui. São palavras de sentido agradecimento por estarem aqui a testemunhar a passagem de um documentário sobre uma grande figura do nosso país e do desporto nacional como foi a José Maria Pedroto quando amanhã se completam 40 anos sobre o seu falecimento.

Rui Pedroto destacou a «inteireza e a integridade» do pai, considerando-o uma «figura incontornável para a história do FC Porto e do desporto português». O documentário, segundo o filho, revela aspetos desconhecidos da vida pessoal e profissional de Pedroto, mostrando «que ele é uma figura incontornável para a história do desporto português».

As palavras de Rui Pedroto


Rui Pedroto acredita que, se estivesse vivo, o seu pai «estaria a viver com entusiasmo esta nova época» do FC Porto e a «torcer por fora para que consigamos revalidar o título de campeões nacionais». Tenho certeza que lá onde ele estiver e 'se memória desta vida se consente', citando Camões, ele estará lá a repousar eternamente e a desejar que o FC Porto tenha muito sucesso. Sucesso que é outros, mas é como se fosse dele.

Um diário revelador


O documentário "José Maria Pedroto, Um Homem Superior" tem como ponto de partida um caderno de apontamentos do curso de treinador que Pedroto tirou em França, no ano de 1960, e que, até agora, era desconhecido do público. Segundo Rui Pedroto, este documento revela-se «uma espécie de livro de instruções para a vida do treinador e para a vida», com apontamentos que «revelam bem aquilo que na verdade são questões que, sendo verdadeiras há 60 anos, são também hoje».

Aquilo podia ser claramente um livro de instruções para a carreira de um treinador atual, porque tudo o que era essencial ao futebol e ao treino e à vivência desportiva está ali compendiado por um homem muito jovem, mas que desde jogador, desde logo, se insinuou como futuro líder, líder exímio, quem se viria a tornar, mas que nunca esqueceu a importância que tinha a base formativa e a necessidade de aportar conhecimento ao treino, ao jogo e à sua forma de exercer a profissão, explicou Rui Pedroto.

Um homem de visão


O filho do mítico treinador considera que o seu pai era «um homem de uma sagacidade e de uma intuição extraordinárias, mas ele alicerçado numa base de conhecimento teórico muito sólido, que ele percecionou desde muito cedo, que era fundamentais para ter sucesso na sua carreira desportiva».