Vítor Bruno, o treinador do FC Porto, já antecipava as dúvidas sobre a sua capacidade de encarar um desafio tão grande como este. Não só pela goleada sofrida na Luz, mas pela tendência que se verifica no clube: o FC Porto tem sido grande contra os pequenos, mas pequeno contra os grandes.
É certo que as contas só se fazem no fim, mas o «estado de graça» do treinador terminou no último domingo.
Urgência em ganhar
A partir daqui, Vítor Bruno tem três urgências prioritárias. A primeira é ganhar, claro. Qualquer escorregadela nos próximos jogos será praticamente imperdoável.
Provar a estratégia
A segunda urgência é provar que a sua estratégia funciona. Os reforços foram os possíveis e acrescentaram qualidade ao plantel, e saíram alguns jogadores difíceis de substituir, mas essa é uma história que se repete num FC Porto até há pouco sem plano financeiro sustentável. Há ainda algumas dúvidas em relação ao melhor onze, mas sobretudo há agora uma menor crença do que o treinador quer fazer com ele.
Quando todos os que jogaram na Luz cometeram erros e pareceram bem pior do que são, «falar só em falta de agressividade, intensidade, ou entrega é redutor». Qual era a estratégia para o jogo, afinal?
Comunicação decisiva
E isso leva-me à terceira urgência. «Bem sei que ainda estamos todos um pouco influenciados por Ruben Amorim, mas a forma como um treinador comunica vai sempre influenciar a perceção que temos do seu trabalho.»
Na antevisão ao clássico, Vítor Bruno estava «descansado» porque, a seguir à derrota em Roma, «o traço Porto» estava «vincado» na equipa. Problema: foi tudo o que não vimos no domingo. «Temos de ser mais Porto», afirmou depois, menos descansado, mas a conversa «temos ADN, não tivemos ADN» não pode durar para sempre.
Vítor Bruno ainda viu uma «primeira parte equilibrada» (além do resultado caído do céu, não sei em quê) e garantiu que «o FC Porto está a crescer», o que «é a pior coisa que se pode dizer a um adepto minutos depois de um resultado que não acontecia há 60 anos contra o maior rival.»