Protagonismo na Invicta
Sérgio Conceição chegou, viu e venceu em Roma. Mas antes, seja a extremo ou a lateral, Conceição assumiu protagonismo na cidade do Porto - dois anos de grande rendimento sob o comando de António Oliveira - e rapidamente tornou-se uma das figuras marcantes no mundo azul e branco.
Personalidade forte, aguerrido - por vezes algo intempestivo - mas muito apaixonado pela profissão. Primeiro como futebolista, mais tarde como treinador. Sérgio, após ser bicampeão em Portugal, seguiu para a Lazio e viveu, mais uma vez, dois anos intensos e de grande impacto.
Legado em Roma
Muitos jogos, vários golos/assistências, títulos e uma certeza: Conceição, em Roma, deixou um legado forte, que se estende para fora das quatro linhas.
Em conversa com o zerozero, o jornalista Vittorio Campanile - e adepto do emblema romano - relembrou os «bons momentos» de uma Lazio «incrível», de um português que foi «chave» e que rapidamente «apaixonou» os adeptos.
«Parece que está aqui [em Roma] desde sempre e que nunca nos deixou», introduziu ao nosso portal.
Ídolo Imediato
«Teve um impacto tremendo no clube e na equipa. Marcou o golo decisivo do encontro logo na estreia, o que foi um bom prenúncio. Isto, ainda para mais contra a Juventus, em Turim, a contar para a Supercoppa. Foi mesmo um excelente início», recordou Vittorio Campanile.
A partir daqui, Sérgio Conceição agarrou um lugar no 11 e no coração dos adeptos. Tudo num curto espaço de tempo.
«A principal razão do amor rápido dos adeptos pelo Conceição passou pelo facto de ele jogar sempre com uma paixão fantástica. Nós, adeptos da Lazio, somos muito apaixonados e admiramos diferentes tipos de jogadores. 'Não é preciso seres um Diego Maradona para ficarmos apaixonados'. Se, em cada jogo, o jogador der tudo o que tem e mostrar paixão... É o suficiente para se tornar um ídolo.»
Versatilidade e Decisão
Apaixonado, lutador, mas não só. Conceição também era especial dentro de campo e Vittorio Campanile recorda, inclusive, as exibições do português pela seleção.
«Sérgio Conceição não era só esse tipo de jogador lutador, que não dava um lance como perdido ou mostrava emoções dentro de campo. Nos primeiros dois anos foi inacreditável. Recordo-me em particular do ano do título. O Nedved - uma das principais estrelas - sofreu algumas lesões ao longo do ano e o Eriksson utilizou muito o Conceição para 'preencher espaços' que ele não estava tão confortável, mas, ainda assim, mostrou-se a um grande nível.»
«Era um jogador veloz, com uma capacidade de cruzamento invejável e com grande versatilidade: tanto jogava na esquerda como na direita e, não menos importante, era decisivo. Algo que nós apreciávamos imenso. Marcava em jogos grandes. Recordo-me, até pela seleção de Portugal, daquele mítico hat trick contra a Alemanha. Espetacular», completou.
Partida Inesperada
Após 103 jogos e dois anos triunfantes - um campeonato, uma Taça,de Itália, uma Supertaça Europeia, uma Taça das Taças e uma Supertaça italiana -, Conceição mudou de 'ares' e continuou em Itália ao serviço da Parma. Uma transferência, na perspetiva do jornalista italiano, «incompreensível».
«Nós todos ficámos muito aborrecidos quando ele foi vendido ao Parma, sem dúvida. Foi algo que, até hoje, nunca percebi bem as razões dessa transferência, ainda para mais depois de termos conseguido o Scudetto [n.d.r: título italiano]. O Sérgio Conceição tinha sido chave nessa conquista», sublinhou.
«Independentemente, foi muito bom quando regressou à Lazio umas temporadas depois. Ele já não era 'aquele jogador', mas nós amávamos o Sérgio Conceição de igual forma», relembrou.
Amor Recíproco
«Sempre que ele vai a Roma [n.d.r: recorde a última vez], a Curva - claque da Lazio - canta toda por ele: «Oh meu amigo Conceição». É um amor recíproco. Na última vez que foi entrevistado por um jornalista italiano, após um duelo do FC Porto para a Champions League, ele foi questionado se gostaria de regressar ao campeonato italiano e apenas disse: «Permita-me só dizer uma coisa em relação a isso: 'Força Lazio'.»
Esperança de Regresso
2024 e muita coisa mudou. Sérgio Conceição, em sete anos, bateu recordes no mundo do dragão - ainda para mais numa fase muito delicada do clube -, tornou-se no treinador com mais jogos sob o comando do FC Porto (379 jogos) e conquistou 11 títulos.
Apesar de tudo, Conceição saiu no verão e ficou com o futuro em aberto. Algo que deixou os adeptos da Lazio «ansiosos».
«Confesso que, depois da saída do Sarri, estava a torcer para que Sérgio Conceição fosse treinar a Lazio este verão. Sou um apreciador do seu futebol: não é um estilo como o de Pep Guardiola, por exemplo, mas é muito bom. Acima de tudo, é uma pessoa muito inteligente e iria gerir bem a paixão dos adeptos.»
«Ficaríamos em êxtase se ele treinasse a Lazio. Nós somos completamente apaixonados por ele. Ele mostrou-se sempre muito fiel ao clube. Poucos ex-jogadores mostram o amor e o carinho que ele já mostrou para ser sincero», patenteou.
Legado Familiar
Não há Sérgio Conceição em Itália, mas há Francisco Conceição, o filho. Depois de uma época de afirmação no FC Porto, Francisco seguiu o trilho do pai - após dois anos intensos e de várias conquistas de azul e branco - e deu o salto para um campeonato mais competitivo. Mais especificamente para Turim, Juventus.
Vittorio Campanile deixou elogios ao rendimento de Francisco na Juve, admitindo que está a ter «um grande impacto» e, em jeito de remate, mostrou-se esperançoso: «Pode ser que a Lazio ainda consiga o ter no próximo ano, não sei se a Juventus terá o dinheiro para pagar... Veremos.»