O arranque de época do FC Porto não tem sido fácil no que diz respeito à relação com os adeptos. Apesar de a equipa ter vencido sete dos primeiros oito jogos do campeonato e conquistado a Supertaça, tem sido alvo de um coro de assobios por parte da massa adepta, algo que se intensificou no último encontro frente ao SC Braga.
Neste contexto, o presidente azul e branco, André Villas-Boas, reagiu ao sucedido, saindo em defesa da equipa treinada por Vítor Bruno e reconhecendo a exigência dos adeptos.
Adeptos são «soberanos» e FC Porto está «aqui para ganhar»
Os adeptos são soberanos, quando têm de assobiar assobiam, é a exigência do FC Porto, estamos aqui para ganhar, ninguém está para perder, essa é a mensagem que o mister tem passado ao grupo, que eu tenho passado ao grupo e os jogadores sabem perfeitamente, começou por dizer Villas-Boas.
O presidente lembrou que o «tribunal das Antas e do Dragão é muito conhecido» e que «esteve ausente das últimas sete épocas da sua exigência», regressando «em força» e fazendo com que os adeptos sintam «essa ansiedade e têm-no demonstrado».
Assobios são «situações normais de lidar»
São situações normais de lidar, temos registado o desagrado dos atletas, é sinal importante para nós e de reeducação da massa adepta portista. Se os adeptos revelam descontentamento relativamente à situação é porque também tem de haver reeducação, uma nova forma de estar no estádio, acrescentou Villas-Boas.
Também Francisco José Viegas, antigo governante e conhecido portista, compreende a lógica dos assobios e dos aplausos num estádio de futebol, considerando que é normal que alguém assobie depois de uma série de falhanços, e que expluda de alegria a seguir.
Gestos de Samu e Galeno «acalmaram» adeptos
Viegas lembra que os assobios não são uma novidade no reduto azul e branco, referindo mesmo que a equipa também tinha sido assobiada mesmo quando a guarda pretoriana estava no ativo.
É uma troca: dás-me bom futebol e eu dou-te todos os aplausos, disse Francisco José Viegas, avançando que quem assofia também festeja quando há motivos para tal. Os assobiadores depois são os primeiros a festejar, realçou, compreendendo o gesto de Samu e Galeno, que mandaram calar os adeptos.
FC Porto será «parte da solução» na luta pela transparência
Além da questão dos assobios, Villas-Boas abordou também a transparência no desporto português, garantindo que o FC Porto será sempre «parte da solução e uma voz ativa na luta».
Não viraremos a cara à denúncia, à cooperação ativa com as autoridades e as instâncias judiciais. Queremos e desejamos que muitas das entidades nacionais governamentais e as instituições ligadas ao desporto invistam cada vez mais na autorregulação, na execução da lei, mas também que sejam capazes de passar da omissão e da passividade para a condenação pública e judicial cada vez que estivermos perante atos bárbaros de violência, discriminação e corrupção ativa e passiva no desporto português, atirou.
O dirigente lançou ainda o repto: Esses são os tempos que não queremos de volta ao futebol português e onde os seus verdadeiros adeptos não se reconhecem. Hoje urge a ação e não o silêncio.