Antigos governantes defendem reforço de mecanismos de controlo e fiscalização no futebol português

  1. Emídio Guerreiro: «A força que os países têm está a fraquejar um bocado no controlo da batota, das apostas, dos movimentos de capitais, das influências e das regras de transparência».
  2. Laurentino Dias: «A indústria futebolística crescerá em credibilidade quanto mais impuser a si própria regras de transparência e de visibilidade pública».
  3. Laurentino Dias: «O futebol português tem ainda um caminho duro e difícil para fazer no sentido de haver maior sustentabilidade e transparência».
  4. Miguel Poiares Maduro: «O Tribunal de Justiça da UE tem vindo a colocar em causa uma série de regras de funcionamento da organização do desporto e, em particular, do futebol».
  5. Miguel Poiares Maduro: «O excesso de concentração de poderes nos instrumentos de controlo da modalidade permanecem numa lógica muito antiga e têm de mudar».

Necessidade de mais transparência e sustentabilidade no setor


Antigos responsáveis governamentais pela pasta do Desporto em Portugal defenderam hoje a necessidade de reforçar os mecanismos de controlo e fiscalização do futebol, com o objetivo de promover uma maior transparência e sustentabilidade no setor.

Numa mesa-redonda realizada no âmbito da cimeira Thinking Football, organizada pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), três ex-governantes partilharam as suas preocupações e propostas para melhorar a governança do futebol português.

Emídio Guerreiro: Necessidade de «integridade» na Europa


Emídio Guerreiro, que foi secretário de Estado do Desporto entre 2013 e 2015, afirmou que «a força que os países têm está a fraquejar um bocado no controlo da batota, das apostas, dos movimentos de capitais, das influências e das regras de transparência». Nesse sentido, defendeu que a União Europeia (UE) deve «de forma consistente e em bloco, bater o pé e dizer que não quer nada isso, mas sim integridade».

Laurentino Dias: Maior transparência e sustentabilidade


Laurentino Dias, que ocupou a mesma pasta entre 2005 e 2011, considerou que a indústria futebolística crescerá em credibilidade «quanto mais impuser a si própria regras de transparência e de visibilidade pública». O antigo governante salientou que o futebol português tem «ainda um caminho duro e difícil para fazer no sentido de haver maior sustentabilidade e transparência», defendendo que essa mudança deve partir dos próprios intervenientes do setor e não apenas dos Governos.

Nesse sentido, Laurentino Dias saudou a iniciativa recente do FC Porto de lançar um portal da transparência, que ajudará a «deixar que muitas das coisas que acontecem no futebol sejam tidas como secretas e confidenciais junto do cidadão comum». O ex-secretário de Estado recordou ainda que, em 2010, tinha proposto a criação de uma «casa das transferências», onde ficariam públicas todas as contratações de jogadores, mas a iniciativa não teve seguimento.

Miguel Poiares Maduro: Responsabilidade das instituições europeias


Já Miguel Poiares Maduro, que foi ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional entre 2011 e 2015, considerou que as instituições europeias têm «enorme responsabilidade» na preservação do escrutínio do futebol. O antigo governante afirmou que o Tribunal de Justiça da UE (TJUE) «tem vindo a colocar em causa uma série de regras de funcionamento da organização do desporto e, em particular, do futebol», o que «tem dado muita proteção e empoderado outros agentes» e «tem pressionado positivamente para que haja uma reformulação das regras».

Poiares Maduro denunciou ainda o «excesso de concentração de poderes» nos instrumentos de controlo da modalidade, que «permanecem numa lógica muito antiga e têm de mudar». O ex-ministro exemplificou que a recente diretiva europeia de branqueamento de capitais, agora aplicada ao futebol, «vai trazer fortíssimas obrigações de 'compliance'».

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