Diogo Paiva, novo coordenador técnico da academia do Liverpool
O Liverpool continua a olhar para o departamento de formação do FC Porto no momento de reforçar os quadros da sua própria academia. Depois de Pepijn Lijnders (2014/15) e Vítor Matos (2019/20), agora é a vez de Diogo Paiva, ex-coordenador técnico do clube azul e branco, ser convidado a desempenhar as mesmas funções nos "reds".
A mudança de Paiva para o Liverpool foi uma «decisão inesperada», cuja história começa na amizade que une o técnico a Vítor Matos, agora adjunto de Lijnders no Red Bull Salzburgo. «Trabalhei com o Vítor Matos na China [Shandong Luneng] e no FC Porto e, quando li a notícia de que iria sair, liguei-lhe a dizer que não me acreditava que isso fosse acontecer e ainda não tinha ido conhecer a academia. Tratámos tudo para ir lá e as coisas acabaram por acontecer naturalmente», descreve o técnico.
Preparar jogadores para a equipa principal
O desafio proposto a Diogo Paiva pelo Liverpool passa por «preparar e desenvolver jogadores do clube para chegarem à equipa principal mais bem preparados», à semelhança do que José Tavares, diretor da formação do FC Porto, lhe havia sugerido em 2018, quando fez as malas na China para regressar a Portugal.
«O plano era desenvolver um sistema de treino pioneiro no desenvolvimento dos jogadores. Antes, o Pepijn já tinha feito um trabalho excelente no desenvolvimento da técnica individual dos jogadores, englobado no projeto Visão 611, e a ideia agora é oferecer-lhes uma atenção mais individual, pormenorizada, virada para os detalhes que fazem a esfera do jogador, nomeadamente um maior conhecimento tático, técnico, psicológico e físico, que lhes permitisse melhorar a performance e estarem mais preparados para atuar a alto nível e conquistar troféus pelo clube», explica Diogo Paiva.
Sucesso imediato na Youth League
A implementação da nova metodologia de trabalho teve reflexos logo no primeiro ano. «É quando a ganhámos a Youth League e a partir daí começámos a lançar jogadores para a nossa equipa principal, como o Vitinha, o Fábio Vieira, o Fábio Silva, o Tomás Esteves, mais tarde o Francisco Conceição e agora estes todos que neste momento estão a aparecer: o Vasco Sousa, o Gonçalo Sousa, o Martim Fernandes», recorda, com orgulho, Diogo Paiva.
Porém, a separação dos azuis e brancos acabou por ser uma decisão «muito difícil». «Acredito no que está ser construído no FC Porto, nomeadamente nas ideias do presidente [André Villas-Boas] e na forma como ele as quer implementar no clube, mas sou uma pessoa que gosta de desafios e à medida que isto foi acontecendo surgiu esta possibilidade de trabalhar noutro clube igualmente grande», justifica.
FC Porto ainda tem mais jovens talentos
Paiva garante que o «ouro» da formação do FC Porto não se esgotou com o aparecimento da mais recente fornada de atletas na pré-época da equipa principal. «Temos jogadores dentro do clube que nos próximos tempos vão aparecer e estão muito bem preparados», assegura, com um grau de certeza de quem tem conhecimento de causa.
«Há diamantes no clube que estão próximos de aparecer. Alguns já surgiram na equipa principal, outros estão na B e outros no sub-19… Todos a dar passos à frente ou a subir os escalões», acrescenta.
Ángel Torres, um talento perdido
Questionado sobre uma promessa da «cantera» portista que tenha perdido o brilho na transição para sénior, Paiva aponta o nome de Ángel Torres. «Era um diamante em bruto, mas por só ter chegado cá no seu segundo ano de júnior, não nos deu aqui grande margem para conseguirmos trabalhar com ele. Mas reconheci-lhe um talento enorme e, neste momento, não sei onde está, sinceramente», explicou.