Contrariando a ideia simplista que tem sido transmitida ao público, a UEFA não obriga os clubes participantes nas suas competições a terem equipas de futebol feminino. De facto, o artigo 21 do regulamento de licenciamento menciona o futebol feminino como critério de acesso, mas o documento também prevê, no artigo 18, a possibilidade de não cumprimento desta obrigação, sujeitando os clubes a sanções por parte da Federação Portuguesa de Futebol.
Independentemente deste constrangimento institucional, o certo é que o novo FC Porto avançou finalmente para a criação de uma equipa de futebol feminino. Fê-lo da forma mais curial e justa, criando-a de raiz e inscrevendo-a na III Divisão. Podia ter adotado uma equipa já em competição, mas preferiu começar o caminho pelo início.
Evolução do futebol feminino em Portugal
Esta é, necessariamente, uma boa notícia para o futebol português. Há uma tração de quase duas décadas na luta pela afirmação do futebol feminino, e veja-se por exemplo a evolução da Seleção Nacional no ranking FIFA (de 46.º em 2012 para 21.º em 2024). A entrada de clubes como o Sporting, SC Braga, Vitória SC, Marítimo, Famalicão e, mais tarde, o Benfica - entre outros que já faziam história na modalidade - alavancou esta evolução, mas a inclusão do FC Porto vem completar o painel.
Segundo o articulista, «quando os maiores clubes nacionais se juntam, tudo pode melhorar». Outros sinais positivos incluem as recentes transferências de jogadoras portuguesas, como Kika Nazareth para o Barcelona e Telma Encarnação para o Sporting, que tiveram uma exposição mediática impensável há alguns anos.
Avanços institucionais
Também a nível institucional se registam avanços importantes. A Federação Portuguesa de Futebol vai dar cumprimento a uma lei que obriga a representatividade de um terço de mulheres em cargos de administração e fiscalização. Isto significa que a FPF terá mais mulheres na Direção, no Conselho Fiscal e na Mesa da Assembleia Geral, embora o articulista reconheça que «muitas já ocupam cargos de relevo na estrutura diretiva e funcional».
O articulista considera que «as quotas podem não ser boas por natureza, mas ainda são necessárias. Como o Dia da Mulher». É um passo importante para a igualdade de género no futebol português.
Conclusão
Em suma, a criação da equipa de futebol feminino do FC Porto é um marco significativo na evolução do futebol feminino em Portugal. Juntamente com outros avanços institucionais e mediatismo crescente em torno das jogadoras portuguesas, este é um sinal de que o futebol feminino está a ganhar cada vez mais relevância no país.