A intensa jornada da primeira liga portuguesa trouxe à tona as declarações dos treinadores que enfrentaram a dura realidade das descidas de divisão, revelando a luta e a frustração que permeiam a competição. As palavras de Tozé Marreco, treinador do Farense, capturam perfeitamente esse sentimento. Após a amarga derrota por 2-1 contra o Santa Clara, que selou a descida do emblema algarvio à II Liga, Marreco disse: “Aquilo que foi o jogo foi um bocadinho o reflexo do que se passou na época.” O treinador enfatizou que “na parte final, discernimento” foi o que faltou à sua equipa.
Marreco lamentou as dificuldades enfrentadas, afirmando: “Disse aos jogadores que cada um deve assumir as suas responsabilidades, as suas falhas.” Ele assumiu a responsabilidade pela situação do clube, reconhecendo as implicações de ter começado a época em desvantagem, com “uma equipa sem ideias, com oito lesionados.” Apesar das adversidades, mantém a convicção de que “a justiça do futebol podia ter-nos dado mais pontos. Merecíamos mais pontos, por aquilo que jogámos, por aquilo que fizemos.”
Triunfo e confiança no Arouca
Em contraste, Vasco Seabra, treinador do Arouca, celebrou o triunfo por 3-1 sobre o Boavista, que também viu o seu destino alterar-se para a II Liga. Seabra comentou que a sua equipa “conseguiu produzir, neste jogo, uma aproximação ao que sentimos que tem sido todo o nosso momento cá.” Ele expressou a confiança na evolução do grupo ao longo da temporada, destacando: “Os jogadores acreditaram sempre, mantiveram-se muito fiéis à crença e à convicção que tínhamos.”
Ao olhar para o passado, Seabra reconheceu que a equipa poderia estar melhor posicionada: “Acho que valorizámos o jogo, o que também foi possível pela nossa proposta de jogo.” Ele também refletiu sobre as decisões de jogo que poderiam ter mudado o rumo da partida, dizendo: “Se, eventualmente, a bola do Boavista que vai à trave fosse golo, o jogo poderia ter sido muito diferente.” Contudo, a serenidade da sua equipa prevaleceu: “O facto de o Boavista ter de jogar só para ganhar não lhes permitiu ter a serenidade e tranquilidade que nós tivemos.”
A complexidade emocional do futebol
No final da jornada, ambos os treinadores expressaram a complexidade emocional do futebol. Marreco, com sua reflexão sobre a injustiça do futebol, afirmou: “Mas o futebol é assim, é a única profissão em que podemos fazer 90% das coisas bem e não ganhar.” As palavras de ambos os treinadores sublinham a dureza da competição, onde o esforço nem sempre é recompensado, refletindo a natureza imprevisível e, muitas vezes, cruel do desporto.