Formado no Belenenses, com passagens históricas
Neca foi um jogador feito no Belenenses, mas com ligação a outros históricos enquanto jogador. Representou Marítimo, V. Guimarães, V. Setúbal e Farense, encerrando a carreira como médio de grande recorte e recorrentes golos no Algarve. Fez ainda muitos e bem-sucedidos anos na Turquia.
Adjunto no Farense, ajudou a subir e a ter época tranquila
«Foram emoções fantásticas, conseguimos uma subida que não foi nada fácil e, na época passada, foi um campeonato tranquilo e muito positivo. Foram duas experiências ótimas, com um excelente grupo de jogadores», realça Neca, olhando ao elo mais transcendente: Ricardo Velho. «É um excelente profissional, de grande humildade. Já é um atleta de excelência e está sempre pronto a aprender. Trouxe frutos para ele e para o Farense. A chamada [à Seleção] chegou e é justa, pelo campeonato fantástico que fez.»
Relação de respeito e proximidade com Jorge Costa
Neca guarda relação de trabalho fantástica com o agora diretor do futebol profissional do FC Porto, Jorge Costa. «Quando ele chegou, só o conhecia de o ter defrontado, de termos sido adversários e de algum estágio da Seleção. Não tinha muita confiança e sentia dificuldades em falar com ele nos primeiros dias. Vinha tudo desse respeito, do que ele foi como jogador. Mas logo me pôs à vontade e vi alguém totalmente diferente da imagem que tinha do adversário enquanto jogador. Posso dizer que foi das melhores pessoas que apanhei no futebol.»
O lado emocional e exigente de Jorge Costa
Neca recupera um capítulo da força e do caráter do treinador: «Tem um passado que fala por si, um amor pelo clube que todos reconhecem. Vai saber passar tudo o que importa a quem trabalhar com ele. Todas as semanas tínhamos coisas divertidas no Farense, que ficam marcadas na memória. Mas vou lembrar um jogo em que estivemos muito mal na primeira parte. A equipa não tinha sido aquilo que ele queria; ao intervalo, no balneário, ele esperou que todos se acalmassem e de repente sai um caixote do lixo a voar com um pontapé dele. Era lixo no ar a voar por cima das cabeças. Houve algum pânico, porque não era habitual. Aconteceu porque ele não se reviu em nada do que vira em campo.»
Recordações fantásticas da experiência na Turquia
Neca esgravata a passagem pela Turquia. «Só tenho recordações fantásticas! Não estava habituado à cultura, ao que pensavam, pouco sabia também do futebol. Encontrei um treinador que retirou o melhor de mim, percebeu-me rapidamente e acabei ídolo no Konyaspor. Ainda recebo chamadas de dirigentes e adeptos. As minhas exibições aí levaram-me ao Ankaraspor. Também foram tempos muito bons, numa cidade já mais europeia.»
Histórias divertidas do tempo na Turquia
Neca recorda algumas experiências surreais da sua passagem pela Turquia. «No meu primeiro jogo na Turquia, na Taça, contra o Trabzonspor, fiquei com um turco no meu quarto. Fui descansar, o jogo era no dia a seguir, e durante a noite sinto muito barulho no quarto, fiquei apavorado; era ele, já com tapete estendido, a rezar no por do sol. Fui-me habituando a essa cultura religiosa, às rezas cinco vezes por dia.» Conta também uma história com o amigo Zé Gomes: «Tínhamos um complexo onde jantávamos cedo e, com esse hábito, era costume ter fome pelas 23 horas. Recordo-me que um dia, com ele, em que fomos atacar o frigorífico e encontrámos picanha, decidimos cortá-la e usar o grelhador elétrico. À meia-noite comíamos picanha com arroz e feijão.»
Novo desafio no Marítimo
Neca vai marcando agora terreno nos bancos, tendo aceitado o desafio de se juntar a um velho amigo, Rui Duarte, para rumar ao Marítimo na ansiosa missão de fazer dos Barreiros novamente palco de I Liga. «Fomos colegas no Belenenses e no Farense, fui treinado por ele no Farense e já fui seu adjunto no Casa Pia. Há uma sensação muito boa de estar com ele, e também de voltar ao Marítimo. A grande esperança é mesmo colocar este grande clube onde merece estar e de onde nunca devia ter saído», explicou Neca.