Um adeus após 27 anos no Sp. Braga
Sete meses depois de um primeiro contacto, Artur Jorge aceitou o convite do Botafogo para se tornar o novo treinador do clube brasileiro. A mudança já era ponderada há algumas semanas, devido aos resultados desapontantes que Paulo Fonseca ia obtendo com a equipa do AC Milan, com o empate com a Roma a ser a «gota de água» que levou à sua saída.
Depois de uma vida inteira ligada ao Sp. Braga, Artur Jorge abraçou uma proposta do Botafogo e cruzou o Atlântico. Para trás, ficou um legado em que se destaca a conquista da Taça da Liga, dois terceiros lugares no campeonato, presença na Champions, recordes de pontos e golos marcados.
A saída que desagradou o presidente do Sp. Braga
A saída causou desagrado público do presidente do Sp. Braga, António Salvador, que inclusivamente não deu os parabéns a Artur Jorge pelos recentes títulos de campeão brasileiro e sul-americano. «Ninguém poderá apagar a sua história no Sp. Braga», sublinha este bracarense e braguista, que como treinador e jogador percorreu diversos escalões do clube, tendo feito 240 jogos pela equipa principal e envergado a braçadeira de capitão desde os 23 anos.
Em entrevista ao Maisfutebol, Artur Jorge revelou que o encontro com John Textor, proprietário do Botafogo, em Matosinhos, foi «muito fácil». «Tivemos uma conversa pessoal. Ele veio a Portugal propositadamente para jantar comigo. Falámos pouco de futebol. Estivemos umas três, quatro horas a conversar, mas não sobre chavões relacionados com táticas, modelos de jogo ou jogadores. Seria demasiado redutor. Falámos sobre as nossas vidas pessoais, sobre temas que estavam na altura a acontecer pelo mundo fora. Foi uma boa forma de nos conhecermos, de perceber que tipo de relação podíamos ter para, depois, aí sim, abraçar um projeto desportivo de sucesso. Foi tudo muito fácil. A partir dessa conversa, tomei uma decisão imediata e disse: 'O meu futuro passa pelo Botafogo e já.'»
Este jantar desagradou ao presidente do Sp. Braga, que quis fazer «uma manobra de diversão» para que «a verdade não fosse toda contada». «O treinador que veio para me substituir [Daniel Sousa] estava já contratado ou pelo menos apalavrado. Foi uma forma de minimizar o meu trabalho. Isto faz parte do futebol, mas é o lado de que menos gosto.»
Sem indemnização na saída
Apesar de ter contrato até dezembro de 2025 com o Sp. Braga, Artur Jorge não foi indemnizado pelo clube, que preferiu deixá-lo sair rumo ao Botafogo. «Ao invés de o Sp. Braga o ter indemnizado, por quebrar o contrato que tinha até ao final de 2025, acabaram por me deixar sair sem qualquer compensação», lamentou o treinador.
Conquistas no Botafogo
Já no Brasil, Artur Jorge conquistou a Taça Libertadores da América e o Brasileirão em 2024, num ano em que o Botafogo foi a equipa que mais jogos fez no mundo inteiro - 76. O técnico português recebeu ainda várias homenagens em Portugal, tendo sido condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Futuro incerto
Apesar dos sucessos no Botafogo, Artur Jorge não esconde que poderá sair do clube brasileiro em 2025, com propostas do Médio Oriente e de outros clubes brasileiros e portugueses em cima da mesa. No entanto, o treinador garante que só voltaria a Portugal para treinar o Benfica, FC Porto ou Sporting.