Este sábado a cidade de Braga, e o Minho em geral, vai parar para mais um duelo - o 151º na história entre as duas equipas - entre dois dos maiores clubes nacionais e porta-estandartes da sua região, SC Braga e Vitória SC. É um confronto que vai além do sucesso desportivo de ambas as equipas, embora esteja ligado, e que coloca em jogo o amor pela sua cidade e a fama de «domínio territorial».
Para tentar perceber esta rivalidade, o zerozero foi falar com quem já a viveu na 1ª pessoa, dentro das quatro linhas, e o eleito foi Luís Filipe, antigo lateral português, que faz parte de um restrito lote de jogadores a ter representado os dois clubes e um ainda mais restrito lote de atletas a ter vivido este «dérbi dos dérbis», como o próprio apelida, dois dois lados das trincheiras.
«É um dérbi daqueles à séria. Mais vivido intensamente da parte dos adeptos do Vitória do que da parte do SC Braga. Pelo menos eu sempre senti isso. É um dérbi que qualquer uma das equipas quer ganhar e aquele jogo é quase como ganhar uma competição ou uma taça. É visto dessa forma. O que mais me recordo é que os jogos em Guimarães eram sempre mais complicados, principalmente quando fui lá como jogador do SC Braga, do que o contrário. Todos conhecem o fervor que os adeptos do Vitória têm e num dérbi como este ainda mais fervorosos ficam. Passei por algumas fases complicadas, como atacarem o nosso autocarro, quando estava no SC Braga. Não devia acontecer, mas, de certa forma, acaba por empolgar-nos ainda mais. É, sem dúvida, o dérbi dos dérbis», começa por explicar-nos.
E porque é que os adeptos do Vitória SC aparentam viver mais intensamente este jogo? Luís Filipe olha para algo além do desporto: «O Braga está na capital de distrito e se calhar os vitorianos acham que deviam ser maiores que Braga. Não sei se há um síndrome de inferioridade, ou não, que não tem razão de existir, porque são dois clubes enormes, com uma massa associativa enorme. Mas sei que sentem mais o jogo que os adeptos do SC Braga. São os adeptos mais fervorosos e, por vezes, ultrapassam os limites.»
«Eu vivi-os de maneira diferente. Em Braga e no Vitória vivi-os mais por dentro, jogava com bastante regularidade, ao contrário dos dérbis que fiz pelo Benfica e Sporting, onde muitas vezes não participava. Logo aí, para mim, há uma diferença grande. Braga e Vitória, para mim, é um dérbi muito maior do que um dérbi entre Sporting e Benfica. Apesar de ser um grande dérbi, não tem a intensidade e rivalidade que existe entre SC Braga e Vitória SC, talvez por serem duas cidades diferentes. Logo aí já há rivalidade de cidade. No Sporting e Benfica é só rivalidade de clube. Acho que essa rivalidade de cidade é que o torna o dérbi dos dérbis», conclui.