O ensaio de Vizela, que tinha sido o tema do último artigo, não se concretizou em Nápoles, uma vez que o SC Braga perdeu o jogo por dois golos de diferença, ao contrário do triunfo contra os vizelenses por margem análoga. Deste modo, para trás ficou a prova milionária, com mudança agora para a Liga Europa, onde a esperança de uma boa performance é real, se o sorteio ajudar.
A viagem ao reduto napolitano começou cedo, com a necessidade de estar no aeroporto sem a claridade do dia dar sinal de vida sequer. O avião lá seguiu viagem rumo a Bérgamo, onde existia uma escala a respeitar antes de chegar ao destino final. A chegada foi boa e antes de rumar à cidade napolitana havia necessidade de almoçar e, em seguida, acomodar as coisas no hotel, previamente reservado.
A viagem até ao centro de Nápoles, de autocarro, decorreu sem sobressaltos e lá estávamos nós naquela cidade velha e suja, que alberga o atual campeão italiano. Percorridas algumas ruas, lá fomos rumo ao local de veneração de Maradona, que por aqueles lados é o verdadeiro Deus que ofereceu um título impensável, graças à sua genialidade. Há uma rua íngreme que nos conduz ao verdadeiro santuário de S. Diego, onde tudo serve para homenagear o astro argentino, que também dá nome ao estádio da equipa que serviu com brilho. Os adeptos são gratos e a adoração passa da ficção para a realidade através de uma linha ténue que separa esses dois mundos.
Subir e descer aquela rua estreita é uma aventura, uma vez que ali está bem representado o caos do trânsito que integra o quotidiano da cidade. As passadeiras são, em muitos casos, meros adornos pintados nas estradas e os semáforos são várias vezes puramente sugestivos e desrespeitados. É um mundo caótico aquele do trânsito de Nápoles. A comparação desta cidade do Sul com outras mais a Norte é um exercício difícil de realizar, uma vez que parecem pertencer a dois países diferentes, se compararmos o lado mais selvagem sulista com o lado nortenho de maior civilidade.
A visita estava feita e a admiração por Diego Armando Maradona era factual, em vários locais. Chegava a hora da concentração para que a polícia acompanhasse a viagem de autocarro do Porto de Mar até ao mítico estádio onde o SC Braga ia jogar. O trânsito infernal do percurso e o desvio da polícia triplicaram o tempo previsto daquela viagem. Este era um bom exemplo para os adeptos braguistas conhecerem antes de dizerem tão mal da Pedreira e dos seus acessos, ainda que, reconhecidamente, as condições do estádio de Braga possam e devam ser melhoradas.
O jogo foi o espelho da fase de grupos, uma vez que os bracarenses disputaram o encontro e perderam nos detalhes, em especial na pouca fortuna vista nos momentos dos golos sofridos e naquelas bolas que teimaram em não entrar. A derrota arsenalista, aliada à vitória do Real Madrid em Berlim, encaminhou os arsenalistas para a Liga Europa, com a convicção de que a prestação global dos Gverreiros do Minho só pode orgulhar a sua Legião.
O jogo terminou com diversos registos de imagem para a posteridade e a certeza de que um regresso àquela perigosa cidade só mesmo numa outra partida bastante importante, pois como eventual destino de férias estava riscado.
Após o fim do encontro a polícia teve mais uma oportunidade de demonstrar como fazer mal as coisas, na saída do estádio, rumo ao reconhecido perigo citadino. À espera estavam vários autocarros e mandava o bom senso que uns fossem para o Porto de Mar, o local de onde tinham partido, e outros para o aeroporto, para onde pretendiam seguir muitos adeptos. Puro engano, porque a polícia determinou que todos deviam seguir para a cidade e só após insistência dos responsáveis é que ordenaram o transporte para um aeroporto de portas fechadas, que obrigou a ficar ao frio quem não tinha onde dormir. A vida às vezes é dura.
O dia seguinte, após algumas horas de repouso no meu caso, era para iniciar a viagem de regresso. O avião, com escala na cidade suíça de Genebra, lá nos trouxe de regresso a Portugal, com um sentimento de orgulho de quem acaba de competir com os melhores e deseja que o futuro possa sorrir novamente em contexto idêntico.
Por fim, lanço um apelo para que toda a Legião se una em torno da equipa e a ajude a atingir os seus objetivos, colocando em prática o lema de que “juntos, somos mais fortes”.