A cidade de Nápoles, que hoje acolhe o Braga, respira futebol como poucas. O ambiente de loucura e devoção ao esporte é fermentado pelo génio de Maradona, que foi imortalizado por todos os cantos da cidade. Conversas com Palummella, o ultra de Maradona, Gigi di Fiore e Giordano, campeão em 1987, revelam a importância e o impacto desse ícone do futebol.
Gennaro Muntuori, conhecido como Palummella, foi o mítico chefe dos Ultras e mantinha uma ligação próxima e familiar com Maradona. Em uma entrevista ao jornal O JOGO, ele afirma: 'O título de 1987 foi o mais bonito. Foi o primeiro, nunca havíamos vencido, e o impacto e o efeito psicológico de termos ganho com o maior de todos os tempos foi imenso'.
Nápoles é uma cidade especial para qualquer jogador. Passa-se uma energia única. Eles têm muito orgulho disso, como Sívori disse: 'Um jogador que não passa por Nápoles não entende o verdadeiro significado de jogar futebol'. É uma cidade que tira o fôlego, invade a alma, é uma carga emocional incrível. É amor! Os fãs são extraordinários, hoje mais presentes nas ruas do que nas arquibancadas, porque querem abraçar o jogador, mas este já não os abraça como antes. No entanto, a cidade imortaliza seus campeões, mesmo sem o amor de antes. Agora há mais selfies, é tudo mais tecnológico', lamenta Gennaro Montuori.
Gigi di Fiore, autor do livro 'Storia del Napoli, una Squadra, una Cittá', também destaca a relação especial entre Maradona, a equipe e a cidade: 'A relação foi sempre forte, mas Maradona elevou ao mais alto nível a união entre a equipe e a cidade, demonstrando que também aqui é possível vencer, que é possível prevalecer sobre o excessivo poder econômico e futebolístico dos grandes do norte. Maradona era um menino de rua napolitano nascido, por acaso, em Buenos Aires. Entendia melhor do que muitos como o povo desta cidade buscava constantemente a redenção, para se sentir vitorioso e importante, mesmo em um campo de futebol'.
Bruno Giordano, ex-jogador do Nápoles e integrante do tridente Ma-Gi-Ca com Maradona e Careca em 1987, exalta o sentimento de resposta a um contexto difícil: 'Foi maravilhoso conquistar o título em 1987. Foi uma festa e uma desforra de todo o povo napolitano, que vivia triste. Foi algo que transcendeu o esporte, teve um aspecto social. Foi realmente bonito!'.
O legado de Maradona em Nápoles é inegável. Ele não apenas revolucionou o futebol, mas também deixou uma marca na cultura e na identidade da cidade. Nápoles é uma das poucas metrópoles italianas com apenas uma equipe, e os adeptos napolitanos estão espalhados pelo mundo, resultado de uma história de emigração. A equipe do Nápoles representa o sul da Itália e une diferentes classes sociais. A paixão pelo futebol vai além do esporte, gerando economia e cultura. Os murais e pinturas de Maradona são testemunhos desse amor eterno.