A situação do Boavista SAD está a tornar-se cada vez mais preocupante após falhar a inscrição na Liga 3 e no Campeonato de Portugal. A decisão da Comissão de Licenciamento da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) baseou-se na ausência de certidões de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social. Isto gerou alarmes, uma vez que a capacidade financeira e económica do clube foi avaliada como diminuída, especialmente após o processo de insolvência iniciado na passada quinta-feira.
Despromovido à II Liga em maio, o Boavista terminou a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com apenas 24 pontos. Esta queda abrupta culminou numa sequência de falhas que já tinha impedido o clube de se inscrever nas competições organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP). Em 30 de junho, a decisão da FPF foi sustentada pela inexistência de dívidas a atletas, treinadores e funcionários, bem como a outras sociedades desportivas.
Recurso e Consequências
Em resposta a esta situação, uma fonte do Boavista declarou à agência Lusa que a sociedade liderada pelo senegalês Fary Faye vai recorrer da decisão da Comissão de Licenciamento para o Conselho de Justiça (CJ) da FPF nos próximos três dias úteis. Essa ação é crucial, pois se não houver um provimento positivo ao recurso, os 'axadrezados' enfrentarão a dura realidade de serem relegados para os escalões distritais da Associação de Futebol do Porto, que são hierarquicamente inferiores à Liga 3 e ao Campeonato de Portugal.
A pressão aumenta, uma vez que, caso o Boavista recorra dentro do prazo, o sorteio da Liga 3 é suspenso até que haja uma decisão sobre o recurso. Entretanto, o Marco já está preparado para ocupar o lugar do Boavista na Liga 3. É importante notar que o Boavista, assim como a Associação de Futebol do Porto, já foi notificado acerca desta decisão.
Insolvência e Recuperação Financeira
A situação da SAD axadrezada é ainda mais complicada ao considerar que o clube recentemente emitiu um comunicado, declarando insolvência como um passo necessário em direção à recuperação financeira. O comunicado reafirma: “Face à não homologação do PER, à quebra significativa de receitas provocada pela despromoção administrativa — consequência direta da impossibilidade de reunir, em tempo útil, todos os pressupostos financeiros exigidos — e perante a inexistência de soluções extrajudiciais que assegurassem o equilíbrio entre a viabilidade económica e os compromissos herdados, a Boavista SAD foi conduzida à única via legal que permite a sua reestruturação integral: a declaração da insolvência com vista à recuperação financeira.”
Este aviso enfatiza a gravidade da situação e a necessidade urgente de ações efetivas para a recuperação do clube. A descida para os distritais é um cenário que pode comprometer ainda mais a já fragilizada estrutura financeira do Boavista, que, com a sua longa história no futebol português, merece um futuro estável.
A Caminho da Recuperação?
É imperativo que a direção do Boavista e os seus adeptos mantenham a esperança e a determinação em torno da recuperação da SAD. O recurso ao Conselho de Justiça da FPF poderá ser a última cartada antes de um retrocesso irremediável. O futuro do clube depende da sua capacidade de navegar por este processo desafiador, que não só implica questões legais, mas também a reconstrução da confiança junto dos seus sócios e patrocinadores.
Enquanto isso, os adeptos aguardam ansiosamente por notícias sobre o desfecho deste drama jurídico-desportivo. A comunidade futebolística portuguesa observa atentamente, pois a situação do Boavista SAD poderá ter repercussões para o mundo do futebol em geral, especialmente em termos de gestão e sustentabilidade financeira no desporto.