O Boavista enfrenta um desafio significativo em relação à sua situação financeira, que se agrava com a necessidade de leiloar os terrenos associados ao Estádio do Bessa. O presidente Rui Garrido Pereira tem-se mostrado transparente quanto à complexidade das dívidas que o clube enfrenta. Ele expressou que, “encontrámos uma dívida monstruosa e um clube muito diminuído nas contas e completamente destruído e descredibilizado, que, desde a criação da SAD, se sacrificou em prol do futebol profissional, sem nunca ter o retorno necessário”.
Neste sentido, o leilão dos terrenos, que abrange uma área de 22,5 mil metros quadrados, incluindo um parque de estacionamento subterrâneo e equipamentos desportivos, justifica-se. O valor base estipulado para o leilão é de 2,9 milhões de euros, mas o presidente destacou que a fasquia mínima para a venda total é de 4,9 milhões de euros. Rui Garrido Pereira enfatizou a importância da negociação com os credores, como a empresa BTL, que exigiu a abertura do leilão para avançar com as conversações: “Estamos em conversações há muito tempo com alguns credores. Há dívida originária do clube que é avalizada pela SAD por um motivo: o clube tem a garantia patrimonial, mas a SAD tem o aviamento financeiro.”
Situação Delicada do Clube
A situação do Boavista é ainda mais delicada considerando a descida à Segunda Liga, algo que não acontecia há 17 anos. Em relação a isso, Garrido Pereira declarou que o clube está “claramente preocupado e focado em auxiliar na viabilização” do licenciamento da SAD. Para ele, é essencial um entendimento entre o clube e a SAD: “É preciso entender uma coisa: mesmo que venham a ser concretizados alguns negócios ou investimentos que estão em curso, servirão para dar retorno ao nosso investidor e ao clube e não para pagar despesas correntes, que têm de ser assumidas pelo cumprimento do protocolo com a SAD.”
Compromisso com a Recuperação
O presidente manifestou a intenção de reavivar o clube, garantindo que não pretende aumentar a dívida do Boavista. “Esta direcção não vai endividar mais o Boavista. Risco de insolvência? Já havia antes de tomarmos posse e temos trabalhado para evitá-lo.” Para atingir um estado de equilíbrio, a direcção planeia uma campanha de recuperação de sócios e uma Assembleia Geral para aprovar as contas dos últimos anos. Em meio a esse turbilhão, Garrido Pereira expressou gratidão aos funcionários que lidam com salários em atraso, ressaltando que “sentem dificuldades diárias há muitos meses”.
Esperança na Recuperação Institucional
Ainda assim, o presidente não perde a esperança e vê potencial na recuperação institucional do Boavista: “Estamos a criar um conselho científico com pessoas ligadas à formação para podermos ser aconselhados e direcionados na rota certa.” Além disso, o clube tem projetos para aumentar a capacidade de treino e parcerias locais, visando a criação de uma equipa B.
Perspectivas de Futuro
Assim, a venda dos terrenos do Bessa pode ser não apenas uma solução para saldar dívidas, mas também um passo estratégico na revitalização do Boavista, permitindo-lhe recuperar a credibilidade e a sustentação financeira.