Robert Bozenik, avançado eslovaco, anunciou recentemente a sua saída do Boavista na próxima janela de transferências, aproveitando os trabalhos da seleção do seu país. O jogador, que tem estado em destaque por suas críticas ao clube, revelou as dificuldades enfrentadas que o levaram a tomar esta decisão.
“Não vejo o meu futuro no Boavista. Peço desculpa, mas caíram para a segunda divisão e as minhas ambições são maiores. Estou orgulhoso dos meus números. Compreendo que, para quem não acompanha o futebol de perto ou os bastidores, vai dizer que eu não marco e estou na seleção. Contudo, o trabalho de um avançado vai muito além de marcar golos. Quando enfrentamos dificuldades como falta de água quente, luz ou salários em atraso durante dois meses, isso reflete-se inevitavelmente no campo. É um capítulo da minha vida que fechei,”
afirmou Bozenik, conforme citado pelo jornal eslovaco Sport.
Queixas Graves e a Realidade do Boavista
As queixas de Bozenik revelam situações graves que vão além do desempenho desportivo, colocando em evidência o estado da SAD do Boavista. O clube enfrenta uma situação financeira complicada, com a rejeição do Plano Especial de Revitalização (PER) devido a incumprimentos com as autoridades fiscais. A dívida de 53 milhões de euros à Somague, referente à construção do Estádio do Bessa, representa cerca de 34% do passivo total da SAD.
Apesar da sua frustração, Bozenik tentou manter uma postura digna. “Sinceramente, nem sei os detalhes exatos do contrato. A minha prioridade foi despedir-me de forma digna dos colegas cujos contratos terminaram. O meu contrato é válido por mais um ano, mas devo admitir que já não vejo o meu futuro no clube,”
disse o jogador, expressando um desejo de deixar para trás a situação turbulenta que se instalou.
Transferência Fracassada e Desafios Pessoais
O avançado também comentou sobre uma transferência que não se concretizou para a Major League Soccer (MLS), especificamente para o Real Salt Lake. “Durante o meu tempo nos EUA, enfrentei situações que ainda me marcam profundamente. Sempre me esforcei para ser honesto e profissional, mantendo o foco no campo e lutando pelo melhor para a equipa. Em três anos, dei tudo de mim por aquele clube. Além de contribuir com o meu desempenho desportivo, também procurei ajudar o clube financeiramente. Fiz uma viagem à volta do mundo, exames numa clínica e, no final, enfrentei uma situação semelhante à que vivi em Sevilha. O clube tentou alterar os termos do acordo no último momento, pedindo mais dinheiro. Não fiquei chateado, algo melhor está à minha espera,”
concluiu Bozenik, refletindo sobre as dificuldades que enfrentou na sua carreira.
Estas declarações ecoam as preocupações comuns expressadas por muitos jogadores que se encontram em situações semelhantes, onde as condições de trabalho e a estabilidade financeira de um clube podem impactar não apenas o desempenho em campo, mas também a saúde mental e as ambições pessoais dos atletas.
O Desafio do Boavista
Com a saída de Bozenik, o Boavista enfrenta um desafio maior na sua já difícil trajetória na II Liga. A SAD do Boavista continua a trabalhar na regularização fiscal e pretende cumprir os requisitos necessários para obter o licenciamento e competir na 2.ª Liga na próxima temporada, apesar de todos os obstáculos.
A situação financeira do clube e as dificuldades relatadas por Bozenik sublinham a importância de garantir condições dignas para os atletas, de forma a que possam focar-se no seu desempenho desportivo e contribuir para a recuperação do Boavista.