O Trio Maravilha no Marítimo
Jorge Andrade, antigo ponta-de-lança que trocou o Bessa pelas Antas no início dos anos 90, puxa a fita das recordações: o major Valentim, os churrascos na casa de "Fred" e a transferência que o levou do Boavista para o FC Porto.
Representante do Trio Maravilha no Marítimo, com Ademir e Edmilson, Jorge Andrade foi um avançado que deixou uma carreira rica em Portugal no final da década de 80 e ao longo dos anos 90, assinando 95 golos num total de seis clubes, tendo sido estrela nos Barreiros, mas também em Faro e no Bessa, conseguindo pelo Boavista chamar a atenção do FC Porto.
A oportunidade do FC Porto
"Não esperava essa chance, estava para renovar pelo Boavista, mas recebi uma ligação do presidente Pinto da Costa. Falei com ele e disse que tinham de falar primeiro com o major. E disseram-me que ele já estava a par. A partir daí, ficou mais fácil e era um grande objetivo, que nunca neguei, jogar no FC Porto, porque tinha visto muitos brasileiros triunfarem. Juary, Branco e Eloy. Também me imaginava a chegar e vencer lá!", conta Jorge Andrade.
Apesar da oportunidade, a transferência não correu como o esperado. "Tive um azar imenso, porque o treinador que pediu a minha chegada, o Artur Jorge, acabou por sair. Chegou o Carlos Alberto Silva, que não tinha conhecimento algum do futebol português, das épocas que eu fizera. E quem mandava era Octávio Machado. E como tive um problema com ele, isso prejudicou-me e travou a minha continuidade no clube. Mas devo dizer que saí fortalecido, mesmo tendo fracassado", explica.
Os tempos de Boavista
Nos tempos de Boavista, Jorge Andrade recorda com carinho a figura do major Valentim Loureiro. "Uma situação engraçada aconteceu na disputa do torneio Cidade do Porto. Na decisão contra o FC Porto, fomos para penáltis e o Paulo Egídio, irmão do Nelson Bertolazzi, falhou. O FC Porto venceu o desempate e, ao voltarmos ao balneário, o Valentim Loureiro estava lá soltando fogo pelas ventas. Ele e Paulo, mais ou menos da mesma estatura, quase chegaram a vias de facto. E no grupo foi risada geral", recorda.
Além do major, Jorge Andrade destaca outros companheiros marcantes, como Alfredo e Caetano, que "juntavam-se e pegavam sempre no pé do Jaime Alves. Esse, também saudoso, era outro partido, soltava sempre uma pérola que nos fazia rir." Já no plano futebolístico, elege Aloísio, Jaime Magalhães e André como os jogadores mais influentes com quem jogou.
O brilho no Marítimo
Apesar dos momentos menos felizes na passagem pelo FC Porto, Jorge Andrade conseguiu reerguer-se e brilhar no Marítimo, levando o clube madeirense pela primeira vez na história à UEFA. "Senti que tinha a obrigação de mostrar que aquilo havia sido apenas um acidente de percurso. Reergui-me e consegui ser muito importante a levar o Marítimo pela primeira vez na história à UEFA. Com a ajuda de todos os colegas", afirma.
Atualmente a viver na Austrália há 15 anos, Jorge Andrade guarda com carinho as memórias do futebol português, onde viveu "coisas excecionais". "Jogar no Boavista, Marítimo ou FC Porto é o sonho para qualquer um. Consegui tudo isso", conclui o antigo avançado.