Erdal Rakip quebra silêncio sobre Benfica

  1. Erdal Rakip quebrou o silêncio
  2. Foi contratado em 2017
  3. Emprestado ao Crystal Palace
  4. Regressou ao Malmö depois do Benfica

Erdal Rakip, internacional pela Macedónia, quebrou o silêncio sobre a sua passagem “invisível” pelo Benfica. O médio, que reforçou os encarnados em 2017 vindo do Malmö, revelou toda a polémica que envolveu a sua estada na Luz.

Em entrevista ao podcast “Lundh”, Rakip disse: “Quando cheguei ao Benfica percebi logo que as coisas não eram como eu tinha imaginado. Fui contratado como jogador livre após terminar a época no Malmö, mas senti que não havia um plano desportivo para mim. Mal tive tempo de conhecer as instalações e já se falava em emprestar-me. O Benfica decidiu que eu devia ir para o Crystal Palace para ganhar experiência. Eu aceitei porque queria jogar, mas a verdade é que o Benfica apenas me enviou para lá porque queriam 'colocar-me' em algum lado. Quando o empréstimo em Inglaterra terminou e eu não joguei, o meu regresso ao Benfica foi um pesadelo.”

Emprestado ao Crystal Palace

Rakip acabou por ser emprestado ao Crystal Palace, de Inglaterra. No regresso, a sua ambição era finalmente afirmar-se na Luz. Contudo, rapidamente viu esse sonho ser cortado pela raiz. “Quando voltei de Londres, fui completamente colocado de parte. O clube simplesmente 'congelou-me'. Eu não treinava com a equipa principal, mandavam-me treinar sozinho ou com jogadores que eles também queriam despachar. Foi uma situação muito difícil. Tu sentes-te um prisioneiro, estás num grande clube, numa cidade fantástica, mas não te deixam ser aquilo que queres: um jogador de futebol. Foi trágico. Eu e mais uns cinco ou seis jogadores fomos colocados à parte e não podíamos treinar com a equipa principal, nem com a equipa B.”

O jogador continuou: “Treinávamos em horários diferentes, às vezes sozinhos ou com um treinador que nem sequer era do clube. Não podíamos usar o balneário principal nem comer no refeitório ao mesmo tempo que os outros. Queriam que nos sentíssemos mal para forçar uma saída.”

Pressões e Ameaças

Rakip apontou a postura do Benfica como “jogo sujo”. O jogador, que não teve qualquer contacto com Rui Vitória, o treinador na altura, revelou que o clube pressionava os jogadores a aceitarem as ofertas. “Tentavam quebrar-te psicologicamente. Diziam: 'Tens esta oferta deste clube, tens de aceitar'. Se eu dizia que não era um bom passo para a minha carreira, a resposta era: 'Então vais continuar a treinar à parte'. É uma forma de jogo sujo. No Benfica, se não estás nos planos, passas de estrela a ninguém num segundo.”

“Ninguém falava comigo. Não havia uma explicação do treinador ou dos diretores. Eu estava lá, cumpria o meu horário, mas era como se eu fosse invisível. Eles queriam que eu abrisse mão do dinheiro para me deixarem sair. É um lado muito frio do futebol profissional que as pessoas não vêem.”

Reflexões sobre o Benfica

O médio afirmou ainda: “Nunca tive uma oportunidade real de mostrar o que valia nos treinos com o grupo. O treinador [Rui Vitória] nem sequer falava connosco. Estávamos ali apenas para cumprir o contrato até que alguém cedesse. É um clube enorme, com uma estrutura fantástica, mas a forma como tratam os jogadores que não querem é muito dura.”

Atualmente, Erdal Rakip encontra-se sem clube. Depois da polémica que resultou na sua saída do Benfica, com dinheiro por receber, não teve a oportunidade de se estrear. Regressou ao Malmö, onde fez mais quatro épocas pelos suecos e, nas últimas três temporadas, representou o Antalyaspor, da Turquia.

A Experiência e a Liberdade

Ainda assim, no final de tudo, Rakip não se considera totalmente arrependido de ter rumado a Lisboa em 2017. “Para finalmente conseguir sair daquela situação no Benfica, tive de abdicar de uma parte considerável do que tinha a receber por contrato. Foi o preço a pagar pela minha liberdade e para poder voltar a jogar e ser feliz no Malmö. Foi uma lição cara, mas necessária.”

Concluiu: “Se me arrependo? É difícil dizer. O Benfica é um dos maiores clubes do mundo, era um sonho. Mas vendo como as coisas correram e a forma como fui tratado, claro que gostaria que tivesse sido diferente. Aprendi muito sobre o lado obscuro do futebol.”