O recente debate sobre o Regulamento Eleitoral para as eleições do Benfica, agendadas para 25 de outubro, gerou reações acesas, especialmente do candidato à presidência, Cristóvão Carvalho. Em uma carta enviada à Direção do clube, Carvalho expressou o seu descontentamento com a proposta que distingue entre benfiquistas de primeira
e benfiquistas de segunda
, referindo-se a uma divisão geográfica que favorece aqueles que residem em grandes centros urbanos.
Carvalho alertou que essa distinção “constitui obrigação essencial do Sport Lisboa e Benfica, e de quem assume os respetivos cargos diretivos, com responsabilidade, criar as condições necessárias, suficientes e bastantes, para todos os sócios, encontrando-se onde se encontrarem, poderem participar no ato associativo mais importante para qualquer clube, as eleições para os respetivos órgãos do clube”
. Ele frisou a importância de garantir que todos os associados tenham voz e representação, independente da sua localização.
Preocupações com os Estatutos do Clube
Além disso, o candidato ressaltou que a proposta de Regulamento Eleitoral fere diretamente os Estatutos do clube. Ele mencionou que, embora a proposta reconheça “o voto eletrónico como uma das formas de votação previstas nos estatutos”
, a restrição de sua aplicação apenas às Regiões Autónomas dos Açores e Madeira e no Estrangeiro é inaceitável. “A Direção restringir a sua aplicação apenas às Regiões Autónomas dos Açores e Madeira e no Estrangeiro, excluindo, desta forma, a possibilidade da sua utilização à maioria dos sócios, afastando-os, necessariamente, da possibilidade de exercício do direito de voto”
.
Cristóvão Carvalho, defensor intransigente das normas estatutárias, manifestou, assim, a sua preocupação com as implicações jurídicas que essa proposta pode trazer. “Este é um aspeto grave, que cria entropias em todo o processo, com implicações jurídicas, que cabe às partes mitigar, antes que seja demasiado tarde”
.
A importância do voto eletrónico
No entanto, nem tudo é só descontentamento. Carvalho apreciou o reconhecimento de que o voto eletrónico faz parte dos estatutos, afirmando: “o voto eletrónico constitui uma das formas de votação previstas nos estatutos, não constituindo a sua escolha regulamentar qualquer violação dos estatutos”
.
Entretanto, o candidato ao poder no Benfica também manifestou a necessidade de assegurar a transparência e segurança do processo. Ele destacou que as condições de utilização do voto eletrónico devem ser monitoradas por uma entidade externa e independente, garantindo que “o voto eletrónico obedeça aos princípios da transparência perante todos os sócios e candidaturas”
.
A falta de regras claras sobre a campanha
No final de sua missiva, Carvalho sublinhou a falta de regras concretas sobre como as ações de campanha podem ser divulgadas, enfatizando a importância de debates diretos e individuais entre os candidatos e a BTV.
Concluindo, a contenda em torno da proposta de Regulamento Eleitoral reflete não apenas tensões políticas internas, mas também uma luta contínua pela inclusão de todos os sócios nas decisões fundamentais do clube.