No Tribunal Central Criminal de Lisboa, a defesa dos direitos do Sport Lisboa e Benfica manifestou a sua indignação sobre a intervenção de Rui Pinto, criador do Football Leaks, sugerindo que a condenação deveria ser superior a cinco anos. Durante as alegações finais, Rui Costa Pereira, advogado do Benfica, não poupou críticas, afirmando: ““O arguido é praticamente reincidente, não confessou os factos, não revelou um mínimo de arrependimento, estes factos revelam uma personalidade adversa às normas e regras sociais, há uma motivação fútil das suas ações e tem diversidade de alvos.””
O advogado sublinhou ainda a necessidade de uma pena proporcional a mais de cem crimes, questionando: ““Ponderando tudo isto, será justa uma pena, por mais de uma centena de crimes, mais próxima de um ano do que do limite máximo de 25 anos?””
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Críticas à Personalidade de Rui Pinto
Acusando Rui Pinto de buscar ““o melhor de dois mundos””
e de ““atirar areia para os olhos do tribunal””
, o advogado destacou que o arguido procurou redefinir o conceito de denunciante, lamentando a falta de clareza sobre os processos em que colaborou. “Rui Pinto é um justiceiro, e um justiceiro não é um denunciante”, disse Rui Costa Pereira. De acordo com a sua argumentação, “merece proteção reforçada, por força da proximidade que tem, num contexto profissional, com a fonte das informações que acaba por revelar.”
Esta perspectiva levou os advogados do Benfica a buscar uma “reparação dos danos de natureza não patrimonial que foram provocados pela conduta criminosa de Rui Pinto.” “É evidente que a ação do arguido provocou danos sobre esses valores,” explicou, enfatizando que a reputação do clube foi severamente afetada. As ações de Pinto, segundo o advogado, “quebraram a imagem de integridade e segurança das informações.”
Repercussões da Conduta de Rui Pinto
A análise feita por David Silva Ramalho, advogado representando a Benfica SAD e Benfica Estádio, corroborou estas afirmações, detalhando as incongruências nos argumentos de defesa de Rui Pinto. “O arguido já foi amnistiado de vários crimes, teve processos suspensos e, agora, sugere-se que a condenação fique no limiar dos cinco anos,” afirmou Ramalho, referindo-se ao caso de outro hacker condenado a seis anos por 28 crimes informáticos e sublinhando que “o arguido cometeu, ao todo, cerca de 500 crimes, está a ser julgado por mais de 200 e, a ser condenado, não deverá nunca ser condenado a menos de cinco anos.”
A complexidade do caso também foi abordada pela defesa de Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, com Marisa Falcão a afirmar que Rui Pinto “nem ousa alegar, em sede de julgamento, a tese de denunciante”, instando o tribunal a desconsiderar as alegações de Pinto. Vieira, segundo Falcão, ““sentiu-se responsável pela gestão dos danos e viu-se abalado profundamente durante meses pelas consequências que isto teve.””
Impacto na Vida de Vieira e no Clube
Além disso, “a fuga de segredos afetou parcerias do Benfica,” ressaltou Falcão, observando o impacto que a situação teve na vida privada de Vieira e no seu estado emocional. Contactos com a comunicação social e a busca de uma exploração mediática do caso foram também temas abordados no tribunal. Os advogados lamentaram a instigação do ódio mediático e o sensacionalismo que, segundo eles, dificultou a busca – e promoção – da verdade.
O processo de Rui Pinto continua a ser desdobrado, levando a discussões sobre a ética, responsabilidade e as consequências das suas ações, elevando questões sobre até onde a justiça está disposta a ir frente a crimes considerados emblemáticos no domínio do desporto e da informação.