A recente intervenção de Bruno Costa Carvalho, no contexto das especulações em torno do possível regresso de jogadores como João Félix e Nélson Semedo ao Benfica, trouxe à tona uma reflexão crítica sobre a gestão desportiva do clube. O ex-candidato à presidência do clube não hesitou em caracterizar essa possibilidade como uma “má ideia no modelo atual de gestão do Benfica”. De acordo com Carvalho, o regresso de antigos jogadores, apesar do apelo emocional, contraria a lógica de negócio que o clube deveria perseguir.
As suas palavras sublinham a necessidade de uma abordagem mais contemporânea e sustentável, que se concentre em jovens talentos. "O regresso de jogadores é má ideia no modelo atual de gestão do Benfica. O regresso de antigos jogadores ao Benfica, por mais emocionalmente apelativo que seja para adeptos e para os próprios atletas, revela-se uma má decisão do ponto de vista estratégico e financeiro”, afirma Carvalho.
A pressão financeira do Benfica
Bruno Costa Carvalho argumenta que, devido ao modelo de negócio atual, de valorização e venda de jogadores, “o Benfica é um clube que, devido ao seu excesso de despesa sistémico, está estruturalmente obrigado a realizar vendas avultadas todos os anos, muitas vezes na ordem dos 70 a 80 milhões de euros”. Essa pressão financeira faz com que o clube precise de implementar uma política que priorize o desenvolvimento de jogadores jovens, que possam ser vendidos com lucro no futuro.
“Esta necessidade impõe uma lógica de negócio que privilegia a contratação e o desenvolvimento de jogadores jovens, com margem de progressão, que possam ser valorizados e vendidos com lucro significativo”, conclui Carvalho, reforçando que o regresso de jogadores veteranos não moderará os desafios financeiros em que o clube se encontra.
O risco de contratações vetustas
Além disso, Carvalho adverte que muitos destes atletas já atingiram o pico da sua valorização de mercado e, “na maioria dos casos, já atingiram o pico da sua valorização de mercado e não gerarão receitas relevantes em futuras transferências”. A dificuldade em capitalizar financeiramente com contratações desse tipo coloca em risco o futuro desportivo do clube.
“Devido aos gastos excessivos, devido ao seu despesismo endémico, o Benfica vê-se forçado a vender demasiado depressa, não retirando o devido rendimento desportivo e comprometendo a construção sustentada de uma equipa competitiva a médio prazo”, acrescenta Carvalho com um tom carregado de preocupação sobre a insustentabilidade do ciclo económico do clube.
Rumo a uma mudança radical
Para quebrar este ciclo, o ex-dirigente sublinha a necessidade de uma mudança radical na gestão do clube, propondo que o Benfica “corte com o novo-riquismo”, racionando custos e abraçando uma política desportiva que favoreça a retenção de talentos. "O romantismo tem o seu lugar no futebol, mas não pode condicionar decisões estruturais”, alerta.
Carvalho finaliza a sua reflexão enfatizando que o clube precisa de uma visão estratégica clara para ficar no caminho do sucesso: “O Benfica precisa de pensar com clareza e com visão estratégica e isso implica dizer 'não' ao passado e focar-se no futuro.”
A necessidade de inovação e valorização
Estas declarações vêm na esteira de um momento em que o clube tenta equilibrar a nostalgia dos adeptos com a necessidade de modernização e sustentabilidade financeira. A reflexão de Bruno Costa Carvalho impõe-se como um alerta para todas as decisões futuras do Benfica no mercado de transferências, lembrando que, por mais emocional que seja o apelo ao passado, o futuro do clube deve passar pela inovação e pela valorização de jovens talentos.
Assim, a mensagem central de Carvalho ressoa não apenas como uma crítica à gestão atual, mas também como um apelo à transformação que poderá garantir a viabilidade e o sucesso do Benfica nos anos vindouros.